Sexo ao ar livre!

Trechos do Parque Barigui viram locais de assaltos e prostituição

Sair pra dar uma caminhada ou simplesmente ir ao parque com a família no final da tarde. A ideia seria ótima se estes locais não estivessem sendo tomados por assaltantes e tarados em busca de “serviços” sexuais. Isso se tornou comum e já faz parte da rota de fuga de quem gosta de passear pelo Parque Barigui, no lado próximo ao Portal de Santa Felicidade, na Avenida Manoel Ribas.

“Frequento este parque há mais de 20 anos e tivemos que mudar de trajeto, porque o nosso maior problema são os bandidos. Saímos de casa com a roupa do corpo e um cartão transporte que é pra idoso, então não terá utilidade nenhuma em caso de assalto. Mas temos medo”, contou uma idosa de 79 anos. Ela e o marido, de 85, caminham pelo menos três vezes por semana e mostraram ter muita história pra contar.

O Paraná Online esteve mais de três vezes no Barigui e, em uma delas, um assalto aconteceu minutos antes da chegada da reportagem. “O rapaz caminhava pelo parque quando dois bandidos o renderam e levaram tudo que ele tinha. O pior? Tudo que ele tinha era o celular e a carteira, com quase nada de dinheiro”, disse um homem que frequenta o parque.

Sexo ao ar livre

O Parque Barigui é cercado por bosques e áreas com trilhas em meio à mata, em especial o bosque que fica próximo à Secretaria Municipal do Meio Ambiente. O local, mais afastado do grande movimento do público, é espaço propício pra que casais pratiquem sexo sem preocupação nenhuma com quem passa ao lado. “Eu e meu marido nos revezamos no passeio com o cachorro. Às vezes vamos juntos mas, indiferente disso, já sabemos que não podemos entrar no bosque. Temos medo”, contou uma mulher.

De acordo com a frequentadora do parque, existe horário definido pra que os atos comecem. “Sempre a partir das 17h, quando vai chegando o final da tarde. Isso acontece há anos, mas antes era menos gente e as pessoas tinham medo de ser vistas. Agora tem sido frequente e perderam o medo”.

A mulher se refere a “eles” porque, segundo ela e outras três pessoas que foram entrevistadas no Parque Barigui, os homens – casais ou sozinhos, que sentam nas churrasqueiras espalhadas pelo parque pra se masturbar – são presença maior destes praticantes de atos sexuais no bosque.

O bosque em questão é um local bonito, com trilhas pavimentadas, que permitiria que as pessoas caminhassem tranquilamente entre as árvores. Permitiria, se houvesse segurança pra isso. Pra um dos frequentadores, essa parte do parque recebe menos visitas em relação ao restante e por isso é menos vigiada.

Pontos

Os encontros que vêm acontecendo no Parque Barigui há anos são práticas comuns não só lá, mas também em pelo menos outros oito pontos públicos de Curitiba.

Em uma pesquisa rápida na internet é possível ver ainda orientações de como os interessados devem agir e o que devem fazer pra conseguir os “serviços sexuais”. Entre os pontos mais comuns e visitados estão o Parque São Lourenço, o Bosque do Alemão, o Bosque do Papa, Jardim Botânico, as ciclovias e até o Parque Iguaçu, na divisa do Boqueirão com São José dos Pinhais.

Trilhas são locais preferidos de ladrões e casais
indiscretos. Foto: Aniele Nascimento.

Prostituição no matagal

O maior problema não está nas trilhas pavimentadas, mas sim nos carreiros no entorno dessas trilhas. “Não há câmeras e raramente se vê a Guarda Municipal por lá. Essa região é propícia pra assaltos e atos obscenos. Eu mesmo já fui assaltado nesse local no mês de janeiro”, contou um vizinho do parque, que inclusive fez a denúncia ao Paraná Online.

A denúncia va,i além e conta que o bosque bonito e bem cuidado pela prefeitura de Curitiba tem se tornado espaço pra prostituição homossexual. “Há os que frequentam a área e aliciam jovens. Eles mantêm relações sexuais com eles ali na mata mesmo e no final do ato dão dinheiro, como forma de recompensa”. Entre os jovens que se estariam se prostituindo, há inclusive menores de idade, conforme o frequentador do parque.

Ainda segundo o homem, que pediu pra não ser identificado, o “dinheiro fácil” tem feito que jovens drogados apareçam no local. “E isso tudo acontece em plena luz do dia, enquanto crianças frequentam o local. Ninguém tem mais respeito por ninguém e isso tudo está acabando com o passeio das pessoas de bem, das famílias curitibanas que só querem aproveitar a natureza”.

Que crime eles cometem?

A segurança em parques, bosques e praças em Curitiba é responsabilidade da Guarda Municipal. De acordo com a GM, os guardas têm conhecimento das reclamações denunciadas, tanto sobre os assaltos quanto sobre os atos sexuais. “O que a GM tem feito pra evitar que isso aconteça é reforçado ronda nesses locais. Mas na maioria das vezes precisamos também do apoio da população, através dos acionamentos”, explicou o inspetor Claudio Frederico, diretor da GM.

Sobre os crimes roubo que tem se tornado rotina nas áreas como a do Parque Barigui, o inspetor reforça que é preciso que as vítimas registrem boletins de ocorrências.

Ainda segundo o inspetor, no mês passado houve uma situação com tiroteio entre guardas e assaltantes do Barigui, em que os bandidos atiraram contra uma viatura da GM. Três foram presos e um deles fugiu.

O que a GM tem feito pra tentar evitar é intensificar as rondas, mas os guardas têm tomado cuidados pra que não sejam vistos como preconceituosos (pros casos de flagras com casais homossexuais). O importante, segundo o diretor da GM, é que a própria população denuncie. Quem for flagrado, seja por uma pessoa ou por uma equipe da GM, comete crime de ato obsceno e é conduzido à delegacia.