Traficantes continuam a espalhar terror no Cajuru

Mais de um mês depois de testemunhas denunciarem traficantes que agem na região conhecida por Moradias Cajuru (situada entre o prédio da Telepar do Cajuru e a BR-277), os acusados continuam impunes e espalhando terror entre os moradores. Neste período, duas pessoas foram assassinadas e uma terceira foi baleada. A mandante dos crimes seria Elizabeth Ferreira da Silva, mais conhecida como “Bega”, uma das acusadas de comandar o tráfico no local.

Uma das testemunhas que procuraram a Tribuna para denunciar que a vila está abandonada pelos órgãos competentes e tomada pelos traficantes, teme pela vida e denuncia novamente: “A Bega está me caçando e quer me matar. O pior é que já denunciei na Promotoria de Investigação Criminal (PIC) e todos continuam soltos. Inclusive, tem policiais envolvidos e ainda estão trabalhando “, diz a testemunha. “Agora minha sina é fugir. Já perdi tudo, casa, emprego e família”, acrescenta.

Garçom

Segundo ela, o garçom Ageu do Espírito Santo, 29 anos, assassinado às 23h40 do dia 21 de junho, na Avenida Paraná, quando tentava chegar a um telefone público, seria uma das vítimas da vingança de “Bega”. Ageu teria deixado a testemunha se esconder na casa dele por alguns dias. Logo depois do assassinato, a polícia deteve João Francisco da Silva Neto, 21, e Cícero Rogério da Silva, apontados como suspeitos do crime. Eles estavam armados com revólveres calibre 38. Duas mulheres que os acompanhavam conseguiram escapar. Uma delas seria “Bega”. “Eu vi, foi a Bega mesmo que atirou. Ela queria era me matar, mas consegui escapar”, salientou a testemunha.

Dois

No sábado passado, dois jovens de 17 anos foram baleados perto da linha férrea, que passa pela Vila Trindade no Cajuru, às 21h30. Um deles, o desempregado Charles Honorato da Silva, morreu na hora, com seis tiros. Perto dali, Douglas foi ferido com um tiro nas costas. Ele foi socorrido pelos Siate e em estado grave levado ao Hospital Cajuru. “Eles queriam me matar. Fui até lá falar com Charles para ver se podia ficar um dia na casa dele. De repente apareceu o Alex (cujo o primeiro nome é Alexandre) junto com o “Amarelo” (um rapaz chamado Maicon) e atiraram. Eu consegui escapar. Os coitados não tiveram a mesma sorte. Ele nem tinha concordado em me hospedar”, contou a testemunha, que teme que se nada for feito, mais pessoas morram, inclusive ela.

Um lugar sem lei

A matéria publicada pela Tribuna, no dia 27 de maio, intitulada “Denúncia: Quem manda aqui é o crime”, alertava as autoridades que os comerciantes de drogas estavam ditando as regras nas Moradias Cajuru.

Como os denunciantes apontavam policiais civis como “protetores” dos traficantes, as testemunhas foram encaminhadas à Promotoria de Investigação Criminal (PIC), para que fossem tomadas as providências necessárias. “Estamos investigando e logo daremos uma resposta à população”, adiantou o delegado Miguel Stadler, da PIC.

A Delegacia de Homicídio também investiga os casos, mas somente em relação as mortes de Ageu Espírito Santo, de Charles Honorato da Silva, e do ex-presidiário Osnoel Ermes, 29 anos, além do atentado contra Douglas, 17 anos. Osnoel morreu porque emprestou R$ 250,00 da traficante “Bega” para pagar um advogado e deixar a prisão, onde cumpria pena por furto, e não quitou a dívida, segundo apurado pela polícia.

Informações extra-oficiais dão conta que a Delegacia de Homicídios vai solicitar à Justiça a prisão de Elizabeth Ferreira da Silva, a “Bega” e de seu filho Alexandre, suspeitos de envolvimento nas mortes. (VB)

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