Reivindicação por salários é respondida a bala. O episódio ocorreu na sexta-feira à tarde, do lado de fora do Pinheirão. Mais de cinqüenta trabalhadores foram à sala improvisada da empreiteira Itapoá – responsável pela reforma do estádio da Federação Paranaense de Futebol – na tentativa de receber os vencimentos relativos às obras que permitiram a realização do jogo da seleção brasileira na última quarta-feira. O dinheiro não apareceu e, para dispersar o grupo, houve até tiros.
O servente Claudiomir da Silva Mercedes, 35 anos, foi atingido de raspão na perna direita e atendido pelo Siate. O caso foi parar na polícia, com ocorrência registrada no 6.º Distrito Policial. O autor do disparo, conhecido por Roque, fugiu do local e não foi localizado. Segundo o encarregado da obra, Carlos Zamborsky, a manifestação dos trabalhadores era pacífica. “Não deu para entender. O Roque tem mania de querer mandar em tudo e simplesmente quis amedrontar o pessoal”, disse.
O uso de arma de fogo por parte dos donos da empreiteira é comum, segundo pedreiros e serventes. “Eles estão nos enrolando há tempos. Sempre dizem que o dinheiro vai sair no dia seguinte e assim vai. Tem gente que precisa voltar para Santa Catarina e só está esperando receber pelo seu trabalho”, explicou Claudiomir.
Na véspera, os trabalhadores também tinham sido intimidados com um revólver, dessa vez pelo dono da empreiteira. “O Ládio sacou a arma e disse que não tinha dinheiro para pagar ninguém. Mandou que fôssemos buscar nossos direitos na Justiça e deu dois tiros para cima”, contou o servente. Os trabalhadores ainda denunciaram que o dono da empreiteira seria parente do presidente da FPF, Onaireves Moura.
A alegação da empreiteira é de que aguarda a Federação Paranaense de Futebol pagar o que deve pela obra, para poder, então, fazer o repasse aos trabalhadores, que desde a última segunda-feira reclamam ostensivamente, aproveitando a presença da mídia nos treinos da seleção brasileira. Ninguém da Itapoá ou da federação foi encontrado para prestar esclarecimentos.