Flagrante em vídeo

Torcedora diz ter sido agredida por policiais

As imagens de um policial militar do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) forçando a cabeça da estudante Ana Paula de Lima, 18 anos, contra a porta de uma loja não foram suficientes para a corporação punir imediatamente os responsáveis pela agressão. O vídeo, que se espalhou pela internet e chocou a população, não é considerado prova de truculência, sem que esteja complementado por uma perícia.

O tenente-coronel Nerino Mariano de Brito, comandante do Bope, informou que será aberta sindicância para apurar se houve excesso, mas declarou que ainda é cedo para punir os policiais. O comando aguarda o relatório elaborado pelo responsável pela ocorrência para iniciar o processo administrativo. “Temos que entender o que originou a abordagem e o que não aparece no vídeo”, afirmou. “Por enquanto é apenas uma denúncia e todos, inclusive os policiais, têm direito de se defender”.

Caminhada

Ana Paula estava entre os torcedores do Coritiba que organizaram a Caminhada da Paz, antes do jogo contra o Vasco, no sábado. Ontem, ela fez exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML). O comandante não soube dizer o motivo da abordagem, nem por que o policial, após dominar a estudante, bateu a cabeça dela contra a porta. O prazo para entrega do resultado da sindicância é de 20 dias, podendo ser prorrogado por mais 10 dias. Testemunhas também serão ouvidas. “Caso fique comprovado que houve excesso, os policiais serão punidos”, garantiu. Por outro lado, o caso também pode ser arquivado.

A única atitude já reprovada por Nerino é a proibição de filmar a abordagem. Um dos policiais envolvidos percebe que uma moça grava a agressão e a obriga a desligar o celular. “Não há orientação do comando para isso, até porque hoje qualquer celular filma e há várias câmeras de segurança espalhadas pelas ruas”, declarou o tenente-coronel.

Despreparo

Para a atriz e militante feminista Ludmila Nascarella, coordenadora do movimento Dente de Leão e uma das organizadoras da Marcha das Vadias, a atitude do policial é condenável. “Mostra que nossos policiais não estão preparados para estar nas ruas e que a violência contra a mulher está tão banalizada que tem gente que acha normal o que aconteceu”, declarou. “Muitas pessoas culparam a estudante”, acrescentou.

Confira o vídeo: