Tiro contra menina que denunciou policiais

As prisões de membros da rede de pedofilia associada a extorsões soou como alívio para as famílias das meninas aliciadas. Entretanto, o aparente sossego ruiu na manhã de ontem, quando uma das garotas foi vítima de um atentado. Temendo pela sua vida e de sua família, a menina, de 12 anos, foi obrigada a deixar a casa onde mora às pressas, uma vez que o Estado não ofereceu qualquer segurança a ela, desde que o esquema foi denunciado na Corregedoria da Polícia Civil.

Na manhã de ontem, a menina estava em casa, com a mãe, no Portão, quando recebeu a visita de policiais militares da Patrulha Escolar Comunitária (PEC). Os soldados conversavam com a jovem para saber se havia se matriculado em algum colégio. Por volta do meio-dia, eles ouviram o barulho de um tiro

e correram até o portão da residência. De lá, avistaram um Fiat Uno vermelho, com película escura nos vidros e rodas pretas, deixando o local. O muro da casa ficou marcado pelo tiro. Os policiais não conseguiram ver a placa do veículo, mas perceberam que estava ocupado por duas pessoas.

Os criminosos sabiam da presença da Patrulha Escolar, pois a viatura estava estacionada em frente à residência. A PEC acredita que o atentado foi uma afronta, para deixar bem claro que nem mesmo a PM é capaz de intimidar os criminosos.

Desespero

Depois do atentado, a menina, a mãe dela e seus três irmãos deixaram a casa, temendo que os criminosos retornassem. A família da adolescente já tinha se mudado quando o esquema começou a ser denunciado na corregedoria, em maio. Acreditando que estariam livres do perigo, com as prisões dos policiais, a família voltou ao antigo endereço. Agora, eles decidiram mudar definitivamente.

Cerca de cinco carros diferentes já foram vistos rondando o local. No mês passado, a jovem e sua mãe procuraram a Promotoria de Investigação Criminal (PIC) pedindo proteção, porém, até agora não tiveram resposta.

A Secretaria da Segurança Pública também não ofereceu nenhuma segurança especial à família.

Soltos

Das 16 pessoas que foram presas, a maioria policiais civis, três estão soltas. Os delegados Moisés Américo de Souza Neto e Edson José Costa, titular e adjunto do 4.º Distrito Policial, saíram da cadeia por força de habeas corpus na madrugada do dia 29. Um policial civil, lotado na delegacia de São José dos Pinhais, também foi solto

na última sexta-feira. Há informações que mais um delegado e quatro policiais civis devem ser presos nos próximos dias.

Todos são acusados de participar da rede de extorsão a pedófilos. Luciana Polerá Correa Cardoso, tida como mentora do esquema, se entregou à polícia na semana passada. Ela seria responsável por aliciar meninas em escolas e contatar com pedófilos via internet, que seriam extorquidos por policiais, minutos antes do "programa".

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