Presos nus foram deixados
no solário, para revista.

Uma fuga frustada terminou em rebelião no 3.º Distrito Policial (Mercês), na manhã de ontem. Trinta, dos 121 detentos recolhidos no xadrez, cavaram um buraco de aproximadamente dois metros para escapar. Como a empreitada não deu certo, eles serraram os cadeados das quatro portas dos cubículos da ala D, e tentaram convencer os presos do quadrante central a também abrirem a porta. Os plantonistas descobriram o plano e o frustaram, o que fez com eles se rebelassem.

O delegado Celso Neves, do 3.º DP, informou que o plano de fuga foi descoberto às 8h. Os presos rebelados foram contidos por policiais militares e do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), em pouco mais de uma hora. Os 121 detentos foram colocados no solário, todos nus, para que fosse feita uma grande revista em todos os cubículos, e só voltaram para as celas no início da tarde.

Buraco

Um dos presos do quadrante contou que, desde à meia-noite, os detentos da ala D estavam fazendo barulho. “Eles oravam e batiam palmas em voz alta”, relatou, sem querer se identificar. A polícia acredita que, neste período, os presos estavam cavando o buraco a partir da privada de uma das celas e serrando os cadeados. “Eles retiraram o “boi” (privada) e cavaram, deixando uma pilha de terra em cima de uma das camas”, relatou Neves. O túnel deu em uma parede de concreto, que foi construída este ano, após oito tentativas de fuga. Isto fez com que os detentos utilizassem o plano “B”, que era serrar os cadeados dos cubículos, depois o da porta que dá acesso ao quadrante central, onde deveriam render os presos menos perigosos, que ficam ali devido à superlotação.

Nesta posição eles aguardariam a chegada dos plantonistas, no início da manhã, que iriam retirar um preso para ser levado a uma audiência. A intenção era render os policiais e ganhar as ruas. “Felizmente, no início da manhã, os plantonistas foram verificar se o xadrez estava tranqüilo. Após entrarem no quadrante central, viram que os presos da ala D já estavam fora das celas e começavam a se exaltar. Imediatamente chamaram reforço. “Como estava prevista a transferência de 40 presos para o Centro de Triagem, e posteriormente para a Penitenciária Metropolitina, em Piraquara, já estávamos prevendo uma movimentação no xadrez”, salientou Neves.

A tentativa de fuga e o início de rebelião determinou que a transferência, sem data prevista, fosse antecipada para as 14h de ontem. “Estamos fazendo a listagem dos que serão removidos. Entre eles, os 26 condenados e alguns que estavam na ala D, onde estão os mais perigosos, já que é o local mais seguro??, justificou o delegado.

Com o início da transferência de presos para o “cadeião” inaugurado esta semana em Piraquara, para abrigar detentos que estão em distritos e delegacias de Curitiba, as tentativas de fuga estão sendo mais freqüentes. Os presos acreditam que fugir do “cadeião” será mais difícil, então tentam ganhar a liberdade enquanto ainda estão nos distritos.

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