Tecnologia auxilia combate à criminalidade

Utilizar a tecnologia como instrumento de prevenção e combate à criminalidade. Esta é a idéia básica do projeto Mapa do Crime, que utiliza o geoprocessamento como ferramenta e vem sendo desenvolvido desde o início do ano por um grupo multidisciplinar composto por técnicos de várias secretarias e outros órgãos, coordenados pela Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral.

O Mapa do Crime, apresentado ao governador Roberto Requião durante a semana, tem previsão para implantação no início de 2004. Trata-se de um instrumento que permite processar as ocorrências criminais a partir dos dados dos boletins das polícias Civil e Militar e “mapeá-los” por locais (ruas, bairros e municípios), períodos (horários, dias, semanas e meses do ano) e tipo de crime.

Para o governador Roberto Requião, que declarou seu total apoio ao projeto, o Mapa do Crime é mais um instrumento do qual o Estado lança mão para promover a prevenção e o combate à criminalidade. “Além disso, precisamos investir maciçamente no desenvolvimento econômico do Paraná. Temos que agir socialmente também”, afirmou.

Estratégia

A finalidade é facilitar a análise e o planejamento operacional das forças policiais. “É uma forma mais científica de combater a criminalidade”, explica a secretária do Planejamento, Eleonora Bonato Fruet. Ela sugere que o sistema não se restrinja somente a ações de prevenção e combate ao crime, mas que também seja empregado como instrumento de elaboração das ações de planejamento na área social.

O secretário Luiz Fernando Delazari, da Segurança Pública, destacou que o Mapa do Crime faz parte de uma mudança ideológica na política de segurança do Estado, que passa a valorizar a polícia científica por meio de investimentos em tecnologia.

Desenvolvimento

O projeto Mapa do Crime, desenvolvido a partir de instrumentos que já estavam disponíveis, foi dividido em três fases distintas. A primeira delas foi um diagnóstico preliminar de boletins de ocorrências (BOs) registrados pelas polícias Militar e Civil, junto com a elaboração de mapas temáticos por município a partir de dados de 2002 e a estruturação do projeto propriamente dito.

Na segunda fase, foi feito o geoprocessamento dos dados dos BOs, utilizando as tabelas de logradouros da Copel, mapas digitais e fotografias digitais aéreas. Os municípios foram divididos em três grupos, levando em conta a população e as ocorrências já registradas em cada um.

No primeiro grupo ficaram os municípios com população acima de 40 mil habitantes (39 no total), representando 70% das ocorrências, 60% da população do Estado e 18% da área do Paraná. No grupo 1 estão 42 municípios, que têm entre 20 mil e 40 mil habitantes (12% da população), representando 13% das ocorrências e 18% da área do Estado. O grupo 3, onde estão os 318 municípios com menos de 20 mil habitantes (28% da população), tem 17% das ocorrências e 64% da área paranaense. Para cada grupo foi elaborado um tipo de mapeamento. No grupo 1 o trabalho utilizou mapas temáticos com diversas naturezas de ocorrências policiais. No segundo grupo o mapeamento foi feito por bairros e no terceiro, por eixos viários (logradouros).

Natureza criminal

Para implementação do método, que utilizou mapas com naturezas criado na segunda fase, foram selecionados cinco municípios do primeiro grupo Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa e Foz do Iguaçu utilizando-se o critério populacional, uma vez que juntos eles abrigam 30% da população do Estado e 35% do total do número de ocorrências registradas naquele conjunto.

Finalmente, selecionou-se nove grupos por natureza criminal: estelionato, extorsão e seqüestro, furto, lesão corporal, crimes relativos a mortes, crimes envolvendo veículos, relativos à violência sexual, roubo e relativos a tóxicos. No total, esses nove grupos abrangem 70 naturezas criminais diferentes.

Base de dados

Com base nesses critérios, a equipe de trabalho concentrou-se na captação de informações do período compreendido entre 1.º e 31 de julho deste ano. O próximo passo foi desenvolver uma Base de Dados Integrada, alimentada por boletins de ocorrências das polícias Civil e Militar.

A partir dessa base de dados foram elaborados relatórios de dados criminais e mapas de ocorrência georreferenciados, permitindo a obtenção de um instrumento de análise criminal. Pela análise estatística, será possível criar um índice de zonas de grande risco em cada município, levando-se em conta o total de ocorrências, a população e a área.

Implantação

A terceira fase ou a implantação efetiva do projeto Mapa do Crime está a cargo da Secretaria de Estado da Segurança Pública. O primeiro passo é a unificação dos boletins de ocorrência das duas forças policiais, que já está em andamento.

Além disso, será feita a integração dos processos e sistemas de segurança pública, permitindo que com apenas um número de processo seja possível acompanhar o desdobramento das ações desde o âmbito policial até o judicial. A Secretaria da Segurança Pública também prevê a criação de uma Central de Inteligência e o aperfeiçoamento e padronização das bases cartográficas de dados.

Participam do projeto Mapa do Crime as secretarias de Planejamento e Coordenação Geral, da Segurança Pública, de Desenvolvimento Urbano, Polícia Militar, Polícia Civil, Detran, Ipardes, Celepar e Copel.

Voltar ao topo