"Clandestino"

Taxista de Curitiba busca mulher no aeroporto e causa barraco

Confusão entre taxistas na noite de anteontem no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, antecipa problemas com grandes possibilidades de ocorrer durante a Copa. Um táxi executivo de Curitiba chegou para pegar uma passageira e infringiu a lei que determina as áreas de atuação dos profissionais. Taxistas que trabalham no aeroporto tentaram impedi-lo e a Polícia Militar e a Guarda Municipal precisaram intervir. Porém, com as autoridades a situação por pouco não saiu do controle.

Segundo os taxistas do aeroporto, um colega tentou avisar o motorista de Curitiba que ele não poderia estar ali para pegar passageiro. “Ele apenas parou na frente do carro e falou que aquela corrida não poderia ser feita, em respeito à lei e aos outros profissionais, mas ele não parou e atropelou o taxista”, disse Elgin Labes Júnior, 39 anos.

Bate-boca

O grupo parou o motorista, que chamou a Polícia Militar. “O policial disse que o motorista ia sair do aeroporto e com a passageira de qualquer forma”, disse Elgin. O policial iria levar a mulher até fora do aeroporto com uma viatura e, lá, o motorista executivo a pegaria para fazer a viagem. A informação causou revolta.

Por causa do tumulto, o policial chamou apoio e a confusão aumentou. “Os policiais chegaram gritando e dizendo que eles mandavam no aeroporto. Disseram que a Guarda Municipal não mandava no local e que teríamos que acatar a decisão de deixar o motorista executivo sair do aeroporto com a passageira”, contou o taxista. A Guarda Municipal multou o motorista. “Depois que ele foi multado, a passageira foi levada em uma viatura descaracterizada até fora do aeroporto e de lá ela entrou no carro do motorista executivo”, completou Elgin.

Segundo os taxistas, o que aconteceu na noite de terça-feira é rotina antiga. “Temos sempre o apoio dos guardas municipais, mas já perdemos as contas de quantos taxistas de Curitiba chegam todos os dias para buscar passageiros”, disse Valmir de Luca, 32 anos.

Efetivo

O módulo da PM no aeroporto tem efetivo de, em movimento normal, um policial na base e outros dois na viatura em patrulhamento. Isso varia de acordo com o movimento e necessidades do aeroporto. A GM também está presente no aeroporto com pelo menos uma viatura. Para a Copa do Mundo, o efetivo será refoçado para aumentar a fiscalização.

Insistência dos ilegais

A Prefeitura de São José dos Pinhais confirmou a reclamação dos taxistas. Nota da assessoria de imprensa informa que, diariamente, taxistas de outras cidades, mesmo sabendo que não podem embarcar passageiros no Aeroporto Afonso Pena, insistem em fazê-lo.

A prefeitura afirmou que foi feito convênio com a Infraero para coibir esse tipo de infração. Este convênio regulamenta a atuação da Guarda Municipal, que está dia e noite presente no local, avaliando e multando os infratores. A lei que determina esta ação é o inciso VIII, artigo 231 do Código de Trânsito, que diz ser ilegal efetuar transporte remunerado, quando não for licenciado para esse fim. De acordo com a assessoria, os veículos têm que ter licença da prefeitura de São José dos Pinhais, para atuar no aeroporto.

Postura será investigada

O capitão Eleandro, do 17.º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento no aeroporto, afirma que a PM trabalha em conjunto com a GM e que a intenção é sempre coibir a ação dos outros taxistas, mas segundo ele, o tumulto aconteceu por causa do entendimento da lei.

“Os policiais devem trabalhar, primeiro com a existência ou não da licença de táxi e, por segundo, de haver ou não remuneração, nos casos de favores para um amigo por exemplo”, explicou. Para o capitão, se o policial do módulo não multou o taxista executivo, não se convenceu que a infração teria acontecido.

O cap,itão afirmou que a denúncia de desrespeito à Guarda Municipal será investigada. “Respeitamos as atribuições de cada uma das forças de segurança do município”, disse. As declarações do policial, dizendo ser a PM manda no aeroporto, foi gravada pelo celular de uma das testemunhas do bate-boca. “Falta de respeito não pode ocorrer. É uma fala equivocada que não condiz com a postura do comando do batalhão”. O vídeo está disponível em www.parana-online.com .br.

Carona

Eleandro também afirmou que será verificada a informação sobre a possível “carona” dada pela PM à passageira, em uma viatura descaracterizada. “Vamos avaliar o caso, mas se o policial se manifestou dessa forma, talvez entendamos que foi para preservar a passageira e, de alguma forma, resolver a situação”.