Smolareck fica sem advogado

O advogado Osmann de Oliveira, defensor do professor Aristóteles Kochinski Smolarek Júnior renunciou ao caso essa semana. Por esse motivo, o novo advogado contratado por Smolarek poderá pedir o adiamento do julgamento, que está marcado para o próximo dia 17. O professor é acusado de matar sua mulher Luciene Ribeiro de Paula, 18 anos – crime ocorrido em agosto de 1.998, no Chile.

O juiz Rogério Etzel, da 2.ª Vara do Tribunal do Júri, expediu um despacho comunicando Smolarek, que se encontra recolhido na Prisão Provisória de Curitiba (PPC), que deverá constituir um novo advogado para defendê-lo e este decidirá se acontecerá ou não o julgamento.

Adiamento

Smolarek seria julgado dia 31 de março, mas seu advogado, Osmann de Oliveira, requereu o adiamento, alegando que mudou a tese de defesa em virtude de uma carta apreendida pela polícia e publicada com exclusividade pela Tribuna, na qual Smolarek informa à própria mãe, Leci Smolarek, que irá confessar o assassinato de sua mulher Luciene. Ele ainda afirma que irá justificar que agiu em legítima de defesa e injusta provocação da vítima.

A carta está anexada no processo que Smolarek responde por falsificar um habeas corpus para tentar escapar da Prisão Provisória de Curitiba, no Ahu, onde está recolhido há três anos. Neste processo, foram denunciados pelo Ministério Público o professor Smolarek; sua mãe, Leci Smolarek, e Diovany Roberto Losso, 23, por falsificação de documento público, falsidade ideológica e uso de documento falsificado. Leci ainda foi denunciada por tentativa de promover fuga de pessoa legalmente presa.

A justificativa da defesa para pedir o adiamento, foi que não tinha conhecimento da carta nem das intenções de Smolarek de confessar o crime. Além disso, o advogado de acusação e a promotoria juntaram o processo da farsa do habeas corpus e um processo civil, sobre um seguro feito em nome de Luciene, sendo ele o benefíciário.

Crime

O professor é acusado de matar Luciene Ribeiro de Paula, na época com 18 anos, a golpes de taco de beisebol. O crime ocorreu em Santiago do Chile, no dia 4 de agosto de 1998 e o motivo seria o seguro de 250 mil dólares, em que ele e a filha dela eram beneficiários. Além do homicídio triplamente qualificado, neste processo Smolarek é acusado de ocultação de cadáver, aborto (a jovem estava grávida) e estelionato.

O professor está preso desde abril de 2001, na Prisão Provisória de Curitiba, no Ahu. Ele teve sua prisão preventiva decretada pela Justiça após o Ministério Público e o assistente de acusação, Dálio Zippin Filho, requererem o processo chileno para que fosse realizado o julgamento no Brasil.

Advogado explica renúncia do caso

O advogado Osmann de Oliveira explicou que renunciou à defesa do professor Aristóteles Smolarek Júnior, no processo sobre o homicídio de Luciene Ribeiro de Paula, 18 anos, porque sustentava a tese de negativa de autoria e seu cliente resolveu confessar o assassinato. “Com a publicação na Tribuna de uma carta do meu cliente dizendo que iria admitir que assassinou sua mulher, a defesa ficou abalada”, argumentou.

O defensor disse que após a publicação conversou com Smolarek, que confirmou sua atitude. “Não me senti à vontade para trocar de tese. Isto provocaria um conflito indesejável. A minha presença na tribuna da defesa poderia ser prejudicial ao acusado”, salientou. Osmann acredita que os jurados não aprovariam um defensor que desde o início sustentou a negativa de autoria e trocaria de tese na véspera do julgamento. “Tenho muito respeito pessoal pelo réu. Compreendo até a sua situação psicológica, pois o cárcere leva à reflexão. A confissão, eu diria que foi um ato de arrependimento e reconciliação com a verdade”, avalia o advogado.

Osmann não quis comentar sobre a prisão de Leci Smolarek e da falsificação de um habeas corpus, que Aristóteles é acusado. “Só estava trabalhando no processo do homicídio. O resto só sei por ouvi dizer”, alegou.

Dia das Mães sem a filha

Uma rosa vermelha levada na cama no domingo do Dia das Mães. Era tudo que a dona de casa Maria Judite Ribeiro dos Santos de Paula, 44 anos, queria receber amanhã. Ela é mãe de Luciene Ribeiro de Paula, 18 anos, assassinada em agosto de 1.998, em Santiago do Chile. Acusado de praticar o crime, Aristóteles Smolarek está recolhido na Prisão Provisória do Ahu, aguardando julgamento. “O presente que eu queria era acordar e descobrir que tudo o que aconteceu foi uma mentira.”

Maria Judite lembra que todos os anos a sua única filha levava uma flor na cama e lhe dava um abraço. “Ela chegava com as mãos para trás. Todo o segundo domingo de maio sinto o cheiro daquelas rosas. Tenho outros filhos, todos homens, e netos. Eles se reúnem em casa no Dia das Mães, mas está faltando a Luciene”, lamenta.

Judite diz que desde agosto de 1.998 luta por Justiça. “Ela era muito carinhosa”, recorda. Agora, ela só tem os abraços dos filhos que Luciene deixou: Jocimar, 8 anos, que mora com a avó e a chama de mãe, e Vanessa, de 6, está sob a guarda de seu pai legítimo. “Minha vida é em função das crianças. Parece que tudo foi armado pelo destino. Se não fosse estas crianças não teria forças para lutar”, argumenta.

A dona-de-casa frisa que Vanessa é parecida com Luciene. Não só fisicamente, mas também no jeito de falar. “A Vanessa é igualzinha a minha filha. Miudinha e carinhosa”. Ela comentou que apesar de a menina ser apenas um bebê na época em que Luciene foi morta, ela sempre fala da mãe. “Quero que a Justiça seja feita. O que Aristóteles fez com a minha filha não podia ter feito com ninguém”, enfatiza Maria Judite. Quando foi morta Luciene estava grávida de dois meses. “Eu fui buscar o resultado do exame. Este era filho dele”, ressaltou, referindo-se a Aristóteles.

Filhos

O Dia das Mães também será triste para os filhos de Luciene, que apesar de terem poucas recordações da mãe, ainda falam dela. Há poucos dias, quando as escolas distribuiram atividades para o dia dos Mães, Jocimar levou uma fotografia de Luciene para sua professora. “Ela disse que a minha mãe era muito bonita”, contou o garotinho. Jocimar conta que sabe pouco sobre a mãe, mas nunca vai esquecê-la, apesar de chamar sua avó de mãe.

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