Série de latrocínios alertam sobre o perigo de reação

Vigilante, motorista, padre, aposentada. Pessoas que tinham atividades diferentes, idades diferentes, rotinas diferentes. Em comum, o destino trágico: todas foram vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte) nas últimas semanas. E, embora as situações sejam as mais diversas possíveis, a dica principal para evitar uma atitude desesperada do assaltante é a mesma: não demonstrar qualquer tipo de reação.

Conforme aponta o delegado da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba, Luiz Carlos de Oliveira, o crime pode ser causado contra qualquer pessoa, independente do sexo. “A mulher tem maior pré-disposição para gritar, o que pode desencadear uma ação do latrocida. Por outro lado, o homem tende a reagir, correr ou procurar proteger o dinheiro, por exemplo”, compara Oliveira.
Por mais difícil que seja manter o autocontrole emocional na hora de um assalto, esse é o aviso principal do delegado. Apegar-se ao carro, ao dinheiro ou a qualquer outro objeto de valor podem piorar a situação.

Allan Costa Pinto e Átila Alberti
O crime pode ser causado contra qualquer pessoa, em qualquer lugar, independente do sexo e da idade. E quando a vítima reconhece o criminoso, a situação se torna mais complicada.

“A pessoa precisa manter a calma e deixar as mãos sempre à vista do assaltante. Se não conseguir fazer isso, fica difícil não esboçar uma reação. Qualquer movimento brusco pode ser interpretado como uma reação e se tornar um revide”, afirma o delegado. E deixar o assaltante mais nervoso pode provocar uma reação rápida e, muitas vezes, impensada da parte dele contra a vítima.

No caso recente da artista plástica Irene Rolek, de 87 anos, morta durante uma tentativa de assalto na casa em que morava, no Alto São Francisco, em Curitiba, o que ocorreu é classificado pelo delegado como um imprevisto. “Não existia a intenção de matar até os assaltantes caírem do forro, onde estavam, para o quarto da vítima, que acordou e começou a gritar”, lembrou Oliveira.

Diferente foi o que resultou na morte do padre Nilson José Brasiliano, 44 anos, morto em uma chácara no município de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, também ocorrida no mês passado. Neste caso, o padre conhecia os quatro criminosos e os convidou para ir até a chácara. No local, eles prenderam o padre e exigiram que ele fornecesse a senha de sua conta bancária. O padre foi, então, esfaqueado depois de sacarem R$ 400 em um caixa eletrônico e roubarem um automóvel. “Foram pessoas que se aproveitaram do convívio com o padre para praticar a ação”, disse o delegado.

Oliveira admite que, quando a vítima reconhece o criminoso, a situação é mais delicada e o bandido pode matar para se livrar da punição. “Nunca se deve demonstrar que tem esse conhecimento de quem é o assaltante. Deve-se procurar não fitar diretamente no rosto dele, mas manter os olhos voltados para o chão ou outros pontos”, aconselha.