Ousadia

Sequestro de jovens seria motivado por vingança de policial

Três irmãos policiais tentaram fazer justiça por conta própria e colocaram em risco suas carreiras. Eles detiveram três suspeitos de matar seu pai, na madrugada de ontem, mas para isso invadiram casas sem mandado e agrediram moradores em Rio Branco do Sul. A operação ilegal causou pânico na vizinhança, que pensou tratar-se de sequestro cometido por bandidos.

O cabo e o sargento aposentado da Polícia Militar e o policial civil, que não tiveram seus nomes divulgados, buscaram os suspeitos no bairro Açungui. Em uma estrada rural, na localidade de Florestal, pararam no velório do serralheiro Maicon José de Jesus, 19 anos, assassinado a facadas. De acordo com a PM, o jovem integrava uma quadrilha de tráfico de drogas, mas nada tinha a ver com o a morte do pai dos policiais.

Violência

Os irmãos descobriram a casa de Jaquierison Paske, 22 anos, e agiram com violência. O pai do suspeito, Joaquim Paske, 57, que trabalha na roça, foi agredido na presença do neto, de apenas 3 anos, e da nora. Ele teve ferimentos no rosto, costelas e braços. “Eles me perguntavam de arma, mas eu não sabia de nada. Entraram na minha casa sem se identificar, sem farda e sem carro de polícia”, contou o homem, que fez exames de corpo de delito no Instituto Médico-Legal.

Na casa, foi apreendida uma escopeta calibre 12. O tenente-coronel Maurício Tortato, comandante do 17.º Batalhão da PM, alegou que o homem foi agredido ao tentar defender o filho.

Confissão

Diego Danilo Paske, 19, foi preso no Jardim Paraíso, em Almirante Tamandaré, com um facão que pode ter sido usado no crime. Além de envolvimento no latrocínio, ele é apontado como autor das facadas que mataram Maicon. Cleiton Valmor da França, 25, também foi preso, com um revólver calibre 38. Os vizinhos garantem que Adilson de França, conhecido por “Garagem”, foi algemado, mas conseguiu fugir. A polícia ainda não tem notícias de seu paradeiro.

Mais tarde, na delegacia, os detidos, que têm antecedentes criminais, confessaram a participação no latrocínio do pai dos policiais. O fugitivo deverá ter sua prisão provisória solicitada.

Falta de conhecimento

O tenente-coronel Tortato, do 17.º BPM, explicou que os suspeitos não foram sequestrados pelos policias, e sim levados à delegacia de Castro, pois imaginaram que este seria o procedimento correto. Mesmo assim, as famílias entraram em pânico por não terem notícias de seus parentes. Os familiares procuraram pelos suspeitos em delegacias e ligaram para as companhias da Polícia Militar atrás deles, sem sucesso.

No fim da manhã, a polícia de Castro revelou que mantinha os rapazes sob custódia. Eles foram presos em flagrante por porte ilegal das armas. Como deveriam ser detidos na região em que foram localizados, retornaram para Rio Branco do Sul.

Punição

“Os três policiais vão responder por abuso de poder. Serão penalizados legalmente e administrativamente.A Polícia Militar não concorda com a atitude tomada por eles”, afirmou Tortato.O tenente-coronel salientou que a atitude dos policias foi impulsionada pela emoção, com a intenção de buscar justiça e não vingança.

Latrocínio na porta da chácara

Afonso Scheneider, pai dos policiais, foi vítima de latrocínio em 7 de julho. Morador de uma chácara na divisa de Castro e Itaperuçu, ele foi abordado pelos bandidos em frente ao portão. Afonso tentou fugir para dentro da casa, mas foi baleado. Após 17 dias internado, o homem não resistiu.

No início do mês, foram presos Murilo Gabriel Silva Teixeira, 19, e Alessandro Cropolato de Jesus, 23, suspeitos de participação no crime. Eles deram nomes de outros envolvidos à polícia, que iniciou o procedimento legal para a captura. Os três policiais,, desapontados com a demora nas investigações, decidiram procurar os suspeitos.