Sepultadas vítimas de chacina

Em meio a lágrimas, gritos e muita revolta, familiares e amigos dos quatro jovens executados em Itaperuçu, reuniram-se para sepultar os corpos. Cristiano Barreto, 19 anos, foi enterrado no Cemitério Jardim da Saudade, no bairro Cachoeira. Em Almirante Tamandaré, no Cemitério Municipal, foram sepultados Carla Meire Lima das Chagas, 27; Diego dos Santos, 18, e Adriano César da Silva, 17.

Ás 15h30 Cristiano foi enterrado na presença de dezenas de pessoas, entre elas, parentes das outras vítimas. Em seguida, dois ônibus, fornecidos pela Prefeitura de Curitiba, apanhou os populares, entre crianças e idosos, e os levou até Almirante Tamandaré. Aos poucos todos desembarcavam rumo à cova onde seriam sepultados Adriano e Diego.

Pouco antes, tinha acontecido o funeral de Carla, presenciado pelos seus quatro filhos, de 10, 8, 7 e 4 anos. Segundo familiares da jovem, a criança mais velha ficou revoltada e agora passa a morar com a avó paterna. Os outros três filhos de Carla, também choraram, mesmo sem compreender a ausência eterna da mãe. Estes passarão a viver com a tia paterna, uma vez que o pai deles, o taxista Marcos da Silva, 31, foi morto a tiros, no dia 17 de abril, na Vila Torres.

Revolta

Assim que chegaram no cemitério municipal, cerca de 100 pessoas andaram rumo às duas gavetas, em frente as quais estavam os caixões lacrados de Diego e Adriano. O silêncio foi rompido pelos gritos da mãe de Cristiano, Creuseli Amâncio da Silva, e de seus outros filhos, inconformados com a perda. O velório durou minutos. Sem qualquer cerimônia religiosa, os caixões foram colocados na gaveta, rapidamente fechada. Quando os amigos e parentes das vítimas foram questionados sobre o que poderia ter motivado a chacina, responderam com resmungos e um prolongado silêncio, para depois dizer: "é melhor deixar isso com a polícia".

Tráfico teria dado ordem pra matar

O delegado Luiz Alberto Cartaxo Moura, titular da Delegacia de Homicídios, afirmou que as investigações das quatro mortes estão bastante adiantadas. Cartaxo assumiu o caso que estava sendo conduzido pelo delegado Riad Farhat, titular do grupo Tigre – Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial.

Os quatro amigos foram seqüestrados na noite da última sexta-feira, quando comemoravam o aniversário de Cristiano, na casa de Carla, na Vila Leonice, Cachoeira, em Curitiba. Na manhã de ontem, os corpos foram encontrados, lado a lado, no matagal que margeia a estrada do Canelão, há dez quilômetros do centro do município de Itaperuçu. Eles teriam sido mortos por cerca de oito homens, que pretendiam vingar a morte de um indivíduo assassinado há poucos dias. O motivo seria o tráfico de drogas.

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