Roubos preocupam donos de chácaras na RMC

Pequenos proprietários rurais de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, estão assustados com a sequência de roubos que vêm acontecendo em suas chácaras.

Em alguns casos, os ladrões roubaram vacas e bois, e em outros entraram dentro das residências e levaram dinheiro e pertences. Em algumas chácaras os animais foram mortos no local mesmo, para que se pudesse carregar a carne, e em outras a vaca foi levada andando, geralmente quando se tratava de um animal menor e mais manso. A criminalidade na região começou a aumentar no ano 2001.

As localidades mais afetadas são Campo Largo da Roseira, Cotia, Faxina, Campestrinho do Agaraú, entre outras. Na chácara de Rosana Cristina Cardoso, os bandidos mataram uma vaca que estava prenhe no ano passado, no pasto do local, durante a madrugada. E ainda roubaram um outro boi também.

“Além de matar ainda deixaram a cabeça dela amarrada no poste. Foi uma cena horrível. E agora a gente nem dorme mais direito”, disse. A vaca, conta Rosana, dava muito leite, e servia como parte do sustento da família.

Segundo ela, só este animal dava um lucro de cerca de R$ 2.500. “Não era só o lucro, mas também o valor sentimental que tínhamos por ela, pois a criamos desde pequena”, disse.

O marido de Rosana, Acir Cardoso, está preparando um abaixo-assinado para levar na prefeitura de São José. “Precisamos de mais polícia aqui. A última vez que telefonei para a polícia me disseram que tinham que prender o ladrão em flagrante. Aí eu achei estranho, e perguntei para eles se queriam que eu mandasse o assaltante ficar aqui esperando até que eles chegassem”, ironizou.

Segundo Cardoso, as pessoas que vivem nessas comunidades na área rural de São José estão muito desprotegidas, pois ele conta que a polícia relatou que tem poucas viaturas e não tem como cuidar de tantas propriedades.

História mais triste e surpreendente tem Liliane Purcote. Ela relatou que sua mãe sofreu com o roubo de três vacas novilhas em 2001. Mas, após denunciar os ladrões, acabou sendo morta cerca de um ano mais tarde.

“Mataram minha mãe com sete tiros e até hoje ninguém foi punido. E se a Justiça não faz nada não somos nós que vamos fazer, pois temos medo”, reclamou. Mais recentemente, a casa de Bernadete Marquete, que mora a poucos metros de Liliane, também foi alvo de roubo, não só de vacas, mas também de dinheiro.

Segundo ela – que vive há pelo menos 20 anos na região – o ladrão levou uma vaca mansa, andando, durante a madrugada, há 15 dias. “Ele cortou a cerca e saiu com ela tranquilamente”, disse. A vaca também dava um lucro de cerca de R$ 1 mil por mês para a família.

Em outra ocasião, entraram em sua residência e levaram cerca de R$ 1.600. Bernadete também reclama da inoperância da polícia. “Esses dias liguei várias vezes para o 190 porque estavam desmanchando um carro perto do meu terreno, e ninguém veio”, contou. A reportagem de O Estado encontrou um carro queimado bem próximo da casa de Bernadete.

PM promete intensificar o policiamento na região dos roubos

A Polícia Militar do Paraná (PM) não concedeu entrevista à reportagem de O Estado mas, por meio de sua assessoria, informou que não tem recebido chamados da área rural de São José dos Pinhais.

Mesmo assim, informou a assessoria, a PM vai intensificar o patrulhamento na região, principalmente com policiais do serviço de inteligência, na tentativa de capturar envolvidos nos crimes.

A PM lembrou também que, no final do mês passado, foi preso um quadrilheiro que agia na região roubando gado. A PM solicita que as pessoas sempre chamem os policiais pelo telefone 190.

Já o chefe de operações da Guarda Municipal de São José dos Pinhais, Paulo Tomaz, explica que uma viatura ,da Guarda faz o patrulhamento da região, mas em casos extremos são deslocados dois carros para a área rural.

Tomaz lembra que a Guarda tem feito um trabalho ostensivo e preventivo, e há cerca de 15 dias prendeu uma quadrilha que fazia roubos na região. Os bandidos tinham vários objetos furtados de residências, como TVs, roçadeira, micro-ondas, entre outros.

“Existem suspeitas de que os integrantes desta quadrilha estejam envolvidos com o roubo de gado também”, informa. Os ladrões que assaltaram um supermercado da área também já foram detidos, segundo ele.

Tomaz também recomenda que a população não deixe de chamar os guardas sempre que necessário, pelo telefone 153. Indagado sobre a dificuldade de se patrulhar uma área distante da cidade, Tomaz responde que problemas desta natureza sempre existem. “Claro que a extensão rural é grande e há uma dificuldade nesse sentido, mas todas as ocorrências são atendidas”, afirma.

A Secretaria de Segurança de São José trabalha em um projeto que abrange o policiamento comunitário, quando o policial chega mais próximo da população, ouvindo seus problemas, e que trabalha em diversas vertentes, como iluminação pública, telefonia, trabalho de inteligência para levantar “fichas sujas”, entre outras atividades.

Entre os problemas detectados até agora no projeto e que podem auxiliar no combate ao crime na região estão a falta de alcance da telefonia em algumas chácaras e a contratação, por parte de chacreiros, de pessoas de má índole.

Desta forma, o projeto da secretaria já está tentando viabilizar, junto às empresas de telefonia, que a comunicação melhore nas chácaras, e também o levantamento do currículo de pessoas que eventualmente são contratadas para trabalhar nas chácaras.