A comunidade de Campo Largo, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), fez ontem a primeira do que promete ser uma série de manifestações públicas contra autoridades municipais supostamente envolvidas em casos de orgia com meninas menores de idade. Num ato público suprapartidário, em frente à Câmara Municipal da cidade, foram feitos vários discursos de repúdio ao abuso sexual de menores campolarguenses.
A Promotoria de Investigação Criminal (PIC) e o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) investigam festas que eram feitas em chácaras do município. Os acusados aliciavam menores carentes na periferia da cidade, para praticar sexo com elas. O nome dos vereadores João Zanlorensi (PSDB) e Aírton José de Oliveira, ex e atual presidente da Câmara, respectivamente, foram citados no programa Brasil Urgente, da Rede Bandeirantes, como envolvidos no escândalo. Fato que revoltou ainda mais a população local. O delegado-chefe do Cope, Marcus Michelotto, não confirmou o envolvimento dos dois. Ele disse apenas que entre os investigados surgiu o nome de três vereadores da cidade. “Há indícios, mas ainda nada de concreto que possa incriminar alguém, por enquanto. Estamos ouvindo, inicialmente, vítimas e testemunhas. Na próxima semana vamos convocar alguns acusados para depor”, revelou, destacando que duas meninas vítimas foram ouvidas ontem. Três outras menores fizeram exames de conjunção carnal no Instituto Médico-Legal (IML) de Curitiba. “Não vamos revelar nomes, nem apressar o andamento das investigações por pressão. Temos que sair com calma e responsabilidade”, destacou o delegado.
Juventude
Os manifestantes do Movimento Piedade Campo Largo colocaram uma tarja preta numa bandeira com as cores da cidade. A presidente do PMDB Jovem do município, Lislie Mezzadri, representava toda indignação das crianças, adolescentes e jovens adultos de Campo Largo. “Podia acontecer comigo, com meus amigos, meus irmãos. Como estudante de Direito, sei que a conjunção carnal com menores de 14 anos é crime. Claro que esses vereadores também sabem”, exclamou.
Alguns manifestantes chegaram a cogitar a perda de mandato dos vereadores. A Câmara de Campo Largo irá abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. Uma audiência pública sobre o assunto também deve acontecer na cidade nos próximos dias. “Esse é apenas o primeiro, mas vamos continuar fazendo protestos até que o caso seja solucionado”, disse a presidente da Associação de Defesa dos Direitos da Mulher de Campo Largo, Natália Rando.
O presidente do Conselho de Leigos da Arquidiocese de Curitiba, Marino Galvão, disse que igreja não poderia se omitir num momento desses. “A igreja prega moral, solidariedade e acima de tudo a dignidade”, disse.
Combate
A Delegacia Regional do Trabalho (DRT) do Paraná anunciou ontem que o Grupo Especial de Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente (Gectipa) vai agir com mais rigor contra a exploração sexual e o trabalho infantil no litoral e em Foz do Iguaçu. No último final de semana, o grupo inspecionou nove casas noturnas em Antônina e Paranaguá.