Quadrilha especializada sob investigação

A Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos vai investigar as atividades das seis pessoas presas na segunda-feira, pela Polícia Militar, acusadas de pertencer a um grupo especializado em furto e “clonagem” de veículos. Amilton Celso Possidonio, 46 anos, o “Gringo”, é apontado como “cabeça” do esquema, cujo desbaratamento rendeu a apreensão de quatro automóveis e uma motocicleta furtados em Curitiba.

As prisões começaram quando PMs da Ronda Ostensiva de Natureza Especial (Rone) abordaram o importado Volvo, estacionado no acostamento da BR-116, perto da Vila Zumbi, em Colombo, às 15h de segunda-feira. Segundo a PM, cinco pessoas ocupavam o veículo: Amilton, que era o condutor; o borracheiro Luís Carlos Krizizanovski, o “Polaco”, 21 anos; o operador de máquinas Fernando José de Matos, 28; um adolescente de 16 e um quinto rapaz, que foi liberado em seguida. Com exceção deste último e do motorista, todos estariam armados.

Embora a placa do Volvo (ABJ-1331) não registrasse nenhuma irregularidade, os policiais vistoriaram o carro e descobriram, pela numeração do chassi, que ele fora furtado no dia 4 de maio. O veículo, cuja placa original era AIA-6026, havia sido “clonado”. Durante a abordagem, os PMs afirmam ter interceptado um telefonema para o celular de Amilton, tratando da venda de um carro roubado. A Rone dirigiu-se ao endereço combinado – um posto de combustíveis na Rua Ludovico Geronazzo, Boa Vista – e deu voz de prisão a um dos frentistas, Michel Siveira Henriques, 24. Ele tinha em seu poder o Corsa prata, AFJ-0676, furtado em 25 de maio, mas alegou ter apenas guardado o veículo a pedido de Fernando.

Esconderijos

Ainda de acordo com os PMs, Amilton revelou que guardava armas em sua residência, na Vila Prado, em Almirante Tamandaré – uma espingarda, uma carabina e uma pistola foram apreendidas -, e que numa chácara na Estrada do Capiru, em Rio Branco do Sul, havia veículos roubados e adulterados. Na propriedade rural, a PM encontrou um Ômega com bloqueio administrativo; uma picape Corsa, vermelha, furtada em 1.º de julho, com a placa falsa BUS-7148 (a original era AJE-6535); o Gol, preto, AIW-5615, furtado em 28 de fevereiro e com numeração de chassi adulterada, e uma Honda Biz furtada em 27 de março. O dono da chácara e dos três automóveis, José Aparecido Souza, 48, e o filho dele, Rogério Cavassin Souza, 20, proprietário da moto, foram presos em flagrante.

Todos os detidos apresentaram versões diferentes para as prisões. Amilton disse que o Volvo é de um homem conhecido como “Paraguai”, que lhe deixou o veículo há 20 dias. Também falou que guardava as armas para defesa de seu patrimônio, que nada sabia sobre o Corsa e que os carros encontrados na chácara de Rio Branco do Sul foram negociados pelo mesmo “Paraguai”.

“Polaco” e Fernando alegam que apenas pegaram carona na Volvo de Amilton e nada sabiam dos carros furtados – o primeiro nega, inclusive, a acusação de que estava armado. José Aparecido disse que comprou o Corsa picape e o Gol de “Gringo”, sem saber que eram furtados. Rogério sustenta que adquiriu a moto há dois meses, de um terceiro, em Itaperuçu, e que desconhecia a origem ilícita.

Amilton, que já tinha passagem na polícia, foi autuado em flagrante por receptação e adulteração de veículo. Fernando já respondeu inquérito por assalto, e os demais não têm antecedentes.

“Chuva” de crack pela janela de carro roubado

Ao ser flagrado por policiais da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, Luiz Carlos Conceição, 31 anos, tentou escapar do flagrante e fugiu em alta velocidade com o Gol “clonado”, que estava com a placa CIU-0133. No caminho, ele tentou se livrar do flagrante de tráfico de drogas e começou a jogar pedras de crack pela janela do automóvel, mas foi preso em seguida, e autuado por receptação, adulteração de veículo e tráfico de drogas.

De acordo com o delegado Hamilton Cordeiro da Paz, titular da DFRV, uma equipe estava fazendo diligências na favela “do Papelão” (no Capão Raso), apurando locais onde são desmontados carros furtados e roubados. De repente deparou com o Gol branco, ocupado por um homem e desconfiou de sua atitude, resolvendo fazer a abordagem. “O motorista deixou o local em alta velocidade e começou a jogar pequenos volumes pela janela. Mais tarde soubemos que eram papelotes de crack”, disse o delegado.

Tiros

Na tentativa de conter o suspeito, os policiais atiraram. Mas, Luiz Carlos só saiu do carro quando os investigadores acertaram tiros nos pneus. “Mesmo assim ele ainda trafegou mais 100 metros com o carro”, informou Hamilton.

Ele disse que depois que abandonou o veículo, o motorista correu para dentro de uma casa e jogou uma faca no telhado. “Os policiais efetuaram a prisão e ainda apanharam alguns dos papelotes de crack, que ele jogou pelo caminho”, salientou Hamilton.

As investigações continuam no sentido de apurar a verdadeira identidade de Luiz Carlos, já que ele alegou que não possuía documentos e é foragido da Penitenciária de Florianópolis (SC). “Também estamos apurando outras pessoas envolvidas no roubo de carros”, completou.

Luiz Carlos justificou à polícia que comprou o carro na noite anterior à prisão, pelo valor de R$ 4 mil, mas que só entregou R$ 700,00 como parte de pagamento. A história não convenceu os policiais. “Este veículo foi furtado no dia anterior e já estava adulterado”, enfatizou o delegado.

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