Promotora denuncia 12 no caso de menina mantida em delegacia no Pará

Cinco delegados, três agentes prisionais e um investigador, todos lotados na delegacia de Abaetetuba à época do caso, foram denunciados nesta quinta-feira (26) pelo Ministério Público do Pará à Vara Criminal do município por terem deixado a menor L., de 15 anos, presa por 24 dias na companhia de 20 homens, entre os meses de outubro e novembro do ano passado.

A adolescente, torturada e estuprada na cela, era acusada do furto de um aparelho celular. Três presos também estão entre os denunciados. A promotora de Abaetetuba, Ana Carolina Vilhena Alves, quer que os nove policiais sejam responsabilizados por tudo o que aconteceu com a menina. Um dos três presos denunciados, Beto Júnior Castro da Conceição, o Beto, foi citado em depoimentos de outros presos como sendo quem abusou sexualmente da menina.

A menina foi retirada do Pará, juntamente com seus familiares, e hoje se encontra em local não divulgado pela Comissão de Direitos Humanos, órgão ligado à presidência da República.

Ouvida em Brasília pela delegada da Polícia Federal, Márcia Contente Barbosa, L. disse ter sido presa três vezes pela polícia. Uma delas em julho de 2007, quando ficou na mesma cela da delegacia com 27 homens. A segunda prisão ocorreu em setembro do mesmo ano. Ela disse ter informado aos policiais que era menor, mas eles não tomaram nenhuma providência para transferi-la para outro local.

A menina também declarou que em duas das três vezes em que permaneceu presa ficou diante da juíza da comarca, Clarice Maria de Andrade, que nada teria feito para resguardar seus direitos. O Tribunal Pleno, do Tribunal de Justiça do Pará, inocentou a juíza e arquivou o processo administrativo contra ela, alegando que a responsabilidade no caso foi do Estado. Os nove policiais voltaram ao trabalho e estão espalhados por outras delegacias paraenses.

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