Presos por matar assaltante no Sítio Cercado

Sete taxistas foram presos acusados de terem espancado até a morte um assaltante, no final da madrugada de quarta, no Sítio Cercado. A confusão aconteceu depois que o taxista Rildo Tomas de Assis, 37 anos, foi abordado por dois indivíduos, na esquina das Ruas Isaac Ferreira da Cruz e David Tows, pouco antes das 5h. Após o roubo, em que foram levados a carteira, o relógio e o rádio da vítima, um dos bandidos conseguiu fugir, porém Eduardo Cordeiro de Lima, 19, foi interceptado por Rildo e passou a ser agredido pelos colegas do motorista. Policiais militares foram chamados para prender o ladrão, porém, quando chegaram, ele já estava morto.

No final da manhã, familiares e conhecidos dos taxistas se aglomeraram em frente ao 10.º Distrito Policial para reclamar das prisões. A mãe de Rildo, Teresinha Galdino de Assis, ficou abalada com a notícia. ?Meu filho é um menino maravilhoso, que trabalha para pagar as dívidas. Aí aparece um bandido para roubar seu dinheiro?, reclamou. Outro filho de Teresinha, Edson, 34, também taxista, foi preso na mesma ocorrência, por ter ajudado o irmão. ?Os ladrões têm mais direito que os cidadãos comuns?, indignou-se outro parente, referindo-se à prisão dos taxistas. ?O criminoso pode assaltar, mas se você revida, vai preso?, reclamou o homem, que prefere não se identificar.

Foto: Walter Alves

Tumulto na delegacia com a prisão dos envolvidos no homicídio.

Prisões

Além dos irmãos, foram detidos Fernando Azevedo, 27; José Ricardo de Azevedo, 34; Eduardo Estein, 46; Rafael Cicarelo, 25, e Donizete Brito, 49. Todos são acusados de participar do linchamento. Porém o advogado da empresa de táxi, Sebastião do Vale, afirmou que três dos presos (Eduardo, Rafael e Donizete) estavam em casa, dormindo, no momento da confusão.

O superintendente Nelson Bastos, do 10.º DP, explicou que os taxistas podiam ter dominado o bandido, porém não deveriam tê-lo agredido. ?Tinham que ter mantido a calma e chamado a polícia. Matar é crime e não é porque se tratava de um assaltante que o crime pode ficar impune?, declarou o policial. Bastos ainda lembrou que a Polícia Militar foi chamada pelo próprio Rildo para controlar a situação, porém, quando os policiais chegaram, Eduardo já havia sido linchado. ?Depois que o assaltante morreu, os agressores desapareceram. Até o momento, sete envolvidos já foram identificados?, disse. No entanto, segundo testemunhas, mais de 20 pessoas teriam participado das agressões.

Código

De acordo com a polícia, no momento em que os dois assaltantes entraram no táxi, Rildo percebeu que seria vítima de uma roubo. ?Ele informou a situação à central, por meio de um código?, contou Bastos. No momento em que foi dada voz de assalto, poucos segundos depois, começaram a chegar os colegas de Rildo, entre eles seu irmão. O criminoso que estava armado fugiu com os objetos da vítima, porém Eduardo não conseguiu escapar.

Outro

Eduardo foi o segundo assaltante morto por taxistas em menos de 24 horas. Na madrugada anterior, em Colombo, o taxista Rafael Cristiano da Silva, 26, reagiu a um assalto, pegou a arma de um dos dois criminosos e matou Marcos da Silva Santos, 25. O outro bandido fugiu. Horas depois, Rafael se apresentou à delegacia, foi indiciado por homicídio, mas foi liberado por ter agido em legítima defesa e não ter antecedentes criminais.

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