Presos da Central iniciam greve de fome

Cerca de mil dos 1.400 internos da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, estão em greve de fome desde a manhã de ontem. Eles exigem o retorno de 14 detentos que foram removidos no final de janeiro para a Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP) porque estavam planejando um motim dentro da unidade. A ordem para a greve de fome teria partido dos próprios presos removidos, que são integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Primeiro Comando do Paraná (PCP), facções adversárias que brigam pela liderança dentro da PCE.

De acordo com o diretor do presídio, André Kendrick, foi reforçado o policiamento interno e externo na unidade. Todos os detentos estão sendo mantidos em suas celas e poderão sofrer punições futuras, caso o movimento seja mantido. “Os participantes da greve perderão regalias, como visitas e uso de televisores e rádios dentro do xadrez”, assegurou o diretor.

Desavença

A confusão começou no mês passado, quando um detento – identificado somente como Daniel -, autor de estupros, sofreu violência sexual na cadeia. Como ele integra o PCP, os líderes da facção ficaram revoltados e prometeram vingança. Começaram a surgir boatos de que iria acontecer uma matança na cadeia. A direção, assim que tomou conhecimento dos fatos, providenciou a remoção de sete membros de cada facção para a PEP, onde eles estão sendo mantidos em celas isoladas.

“Temos por obrigação zelar pela segurança dos internos e não podemos deixar que um poder paralelo dê ordens na cadeia”, afirmou Kendrick, salientando que os detentos removidos não perderam seus direitos e estão recebendo inclusive visitas – em horário especial -, mas são mantidos isolados dos demais para evitar confrontos.

Frustração

A remoção dos líderes teria frustrado o movimento de vingança dentro da PCE, porém, os detentos passaram a receber ordens dos dois comandos para entrar em greve de fome, de forma a negociar o retorno de todos eles para a unidade.

“A situação está tensa aqui dentro”, garantiu ontem um dos presos da PCE, que conversou com a reportagem através de telefone celular. “95% da cadeia aderiram à greve e nós só vamos negociar com o diretor, com um juiz ou com o governador”, disse ele.

Segundo o preso, a greve não foi determinada pelos líderes das duas facções, mas se tratou de um movimento espontâneo para pedir a volta dos que foram transferidos, porque eles estão sendo maltratados. “Soubemos que nossos irmãos estão passando privações lá na PEP e não estão tendo seus direitos respeitados. Então queremos que eles retornem”, assegurou o interno. Ele desmentiu também a informação de que há divergências graves entre os membros do PCC e do PCP: “Tem dois comandos, mas uma coligação só. Tá todo mundo unido, não há brigas internas”, afirmou.

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