Golpe no tráfico

Preso um dos maiores traficantes do País

Após Um dos maiores traficantes do Brasil foi preso durante a “Operação Liberdade”, da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc), que colocou atrás das grades outros 14 integrantes da quadrilha. O bando movimentava cerca de R$ 1 milhão por mês, com a venda de crack e cocaína, em Curitiba e região. A droga vinha da fronteira da Bolívia com o Mato Grosso do Sul.

Márcio José Fogaça, 36 anos, conhecido como “Geléia”, “Bonecão” e “Gordo”, continuou tocando os negócios que tinha com o traficante Eder de Souza Conde, 37, considerado o “Fernandinho Beira-Mar do Paraná”, preso pela Polícia Federal, em 2010, na “Operação Ressaca”. Segundo a polícia, Márcio se associou a Crinston Clovis Ferreira, o “Boy”, 33, que foi preso, em 2009, também pela PF, na “Operação Saisine”, e está em liberdade provisória. Crinston e outros dois integrantes do “exército do tráfico”, Néri Carvalho, 35, e Michel Maicon Fernandes, 28, estão foragidos.

Conexões

As prisões ocorreram nesta semana e são resultado de oito meses de investigação. Márcio morava na Cidade Industrial, mas fugiu para Santa Catarina, onde virou uma espécie de “Beira-Mar” de Florianópolis. Ele foi capturado, na segunda-feira, quando descansava em seu apartamento de luxo, avaliado em R$ 1 milhão, na capital catarinense, de onde coordenava a quadrilha. No local, foram apreendidos documentos de diversos imóveis de sua propriedade, toda a contabilidade da movimentação financeira da organização criminosa e cerca de R$ 43 mil em dinheiro guardados em caixas de sapato.

Segundo a delegada Camila Cecconello, da Denarc, a quadrilha movimentava 40 quilos de crack e cocaína por mês. Com o apoio da Promotoria de Inquéritos Policias e da Vara de Inquéritos Policias de Curitiba, a polícia conseguiu o bloqueio judicial das contas correntes dos suspeitos. “Apenas os líderes, Márcio e Criston, movimentavam cerca de R$ 1 milhão por mês”, informou a delegada.

Contabilidade

Os depósitos dos valores eram efetuados em nome dos familiares dos suspeitos, em nome dos próprios investigados ou em contas de “laranjas”. Segundo a polícia, outras transferências eram realizadas em contas de empresas situadas em São Paulo e em supermercados da CIC.

Foram apreendidos 12,7 quilos de cocaína, 12,9 quilos de crack, uma pequena quantidade de maconha, R$ 48.597, duas pistolas, 68 munições, um colete balístico, seis balanças de precisão e 26 veículos, entre eles um Land Rover blindado de propriedade de Márcio. A droga apreendida foi adquirida pelos suspeitos por um valor aproximado de R$ 300 mil e renderia três vezes mais.

Captura do rei

Durante as diligências, o serviço de inteligência da Denarc, com apoio da Agência de Inteligência, descobriu que Márcio não residia mais na CIC. Primeiro, ele se mudou para Camboriú (SC) e posteriormente para a capital catarinense, de onde passou a coordenar o esquema de seu luxuoso apartamento. A prisão em Florianópolis aconteceu em parceira com equipes da Divisão Estadual de Investigação Criminal (Deic) de SC.

No imóvel, os policiais prenderam ainda Michel Zen Martins, o “Vina”, e o gerente Jair. Isso porque a partir da prisão de Rafael, pego com
11 quilos de crack em 20 de novembro, parte dos investigados temia ser presa e pediu proteção de seus superiores.

Segundo o delegado Riad Braga Farhat, titular da Denarc, o trio já havia adquirido um novo imóvel, uma cobertura em um condomínio de luxo a poucas quadras do mar, em Florianópolis, para onde pretendiam se mudar na próxima semana.

Empresa feita pro crime

Segundo a delegada, a quadrilha era bem organizada com Márcio e Crinston na dianteira. Crinston morava no Novo Mundo e, em parceria com Márcio, contratava novos gerentes e “soldados do tráfico”, que coordenavam todo o armazenamento e distribuição da droga. Durante as investigações, foi uma surpresa descobrir que Márcio havia se associado a Crinston, que já foi parceiro do traficante carioca Fernandinho Beira-Mar. “Os dois eram os cabeças do bando, os mentores intelectuais e não tinham contato com a droga”, explicou Camila.

A droga era adquirida na Bolívia, na fronteira com o Mato Grosso do Sul. Trazida para o Brasil por transportadores, era entregue para os gerentes Rafael Rodrigues dos Santos, 28 anos; Jair Pessoa da Silva, o “Zé”, 31, e Néri Maicon Fernandes, 28 (que está foragido). “Eles armazenavam a droga e distribuíam para os demais integrantes da quadrilha, seguindo a orientação de Márcio e Criston”.
Rede

Durante as investigações, a Denarc identificou 13 distribuidores, que repassavam a droga para os comandantes das biqueiras. Estes, por sua vez, revendiam a droga para os usuários finais. O bando, segundo a polícia, movimentava 100 pontos de venda de droga na Região Metropolitana de Curitiba e litoral paranaense.

Entre os chamados distribuidores da droga estão dois pais e filhos: José Eliventon da Silva, o “Liva” ou “Livar”, 20, e o pai, José Lira da Silva, “o Zé Lira”, “Veio” ou “Balaio”, 44; e Guilherme Pedroso de Alemida, 24, e o pai dele Edson Manoel de Almeida, 46. A delegada também revelou que o casal Cezar Alves, 34, e Patrícia Fermino Sansanovicz, 30, pretendiam se casar quando foram presos. Todos os detidos durante a operação têm passagem pela polícia..

Confira o vídeo da prisão.