Preso comparsa de “Mestre”

No quarto de um motel em São José dos Pinhais, o assaltante Sandro Souza da Silva, 33 anos, foi encontrado por policiais militares do 17.º Batalhão, na noite de sexta-feira. Ele foi reconhecido por investigadores da delegacia local como um dos membros da quadrilha de Walter Daltoso Júnior, 43 anos, conhecido como "Mestre", acusado de ser o mandante de vários assaltos milionários nos três estados do Sul.

A imagem de Sandro foi divulgada no programa Linha Direta, da Rede Globo. No dia seguinte, em meio a denúncias que não se concretizaram, algumas apontavam o paradeiro de Sandro. Com ele a polícia apreendeu uma pistola calibre ponto 40, e uma carteira de habilitação em nome de outra pessoa. "Esse documento eu comprei", explicou o detido, que também se apresentava com um terceiro nome. Segundo relatou, ele estava "dando um tempo" na região de Curitiba, para fugir para o Pará. Para isso, deixou o cabelo crescer e pintou de loiro.

Cadeia

Sandro foi arrebatado no dia 5 deste mês do presídio de Florianópolis, em Santa Catarina, onde estava recolhido desde o fim do ano passado. Ele tem mandados de prisão e condenações por assalto no Paraná e em Santa Catarina. Só as condenações já somam 35 anos de reclusão, de acordo com o detido, fora os processos ainda em aberto. "Ele já foi reconhecido por três vítimas de assalto, aqui da região", disse o delegado de São José dos Pinhais, Osmar Dechiche. Esses assaltos foram cometidos na época que as quadrilhas montadas por "Mestre" agiam na região.

"Eu não sabia onde estava me metendo", afirmou Sandro, ao tomar conhecimento dos desdobramentos dos crimes que cometeu. Ele era contratado para assaltar empresários e estabelecimentos comerciais. Em novembro do ano passado, a delegacia prendeu 11 pessoas que participariam dos assaltos arquitetados pelo "Mestre". Esses crimes eram executados com muita violência contra as vítimas, previamente escolhidas pelo mandante.

Esquema

Os investigadores identificaram Walter Daltoso Júnior como chefe das quadrilhas responsáveis por mais de dez roubos. "Mestre" não despertava suspeita por ser bastante influente na alta sociedade local. Ele era proprietário de uma factoring e obtinha informações do capital das vítimas. Depois elaborava e entregava um dossiê sobre elas às quadrilhas, comandando os assaltos pelo telefone. O mandante foi visto uma única vez, quando os marginais invadiram a residência errada e ele foi até o local.

Quando o esquema foi descoberto, em novembro do ano passado, "Mestre" foi perseguido e teve seu carro crivado de balas, porém conseguiu escapar do cerco policial. A delegacia continua a receber denúncias sobre o possível paradeiro do mandante.

Joalheria

Sandro participou do assalto a uma joalheria de uma cidade catarinense, no qual o dono do estabelecimento tinha recebido jóias roubadas pelas quadrilhas de "Mestre". "O receptador tentou enganar Walter, dizendo que parte da mercadoria era bijuteria. Ele, então, recebeu o dinheiro pela parte avaliada e, depois, mandou roubarem todas as jóias de novo", descreveu o delegado.

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