Foto: Allan Costa Pinto
Usuários de ônibus na Praça Rui Barbosa, na capital, dizem que
não se sentem seguros com
poucos policiais.

Ver pessoas chorando e gritando depois de terem tido bolsa ou celular roubados virou rotina para comerciantes e para quem passa pela Praça Rui Barbosa, em Curitiba. Quem observa o movimento diariamente reclama do problema e cobra mais policiamento na região central para coibir a ação de bandidos. Junto com os assaltos, é comum encontrar menores cheirando cola na praça, como verificado pela reportagem de O Estado na última sexta-feira.

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O contador André Dias utiliza os ônibus da Rui Barbosa todos os dias, nos horários de maior movimento, e reclama da falta de policiamento. ?Nunca se vê um policial militar por aqui, só a guarda municipal. E, mesmo assim, para uma praça daquele tamanho, dois guardas são praticamente nada?, reclamou. Para ele, o pior é o constante clima de insegurança. ?Na fila de ônibus é preciso ficar atento, olhando para os lados. Precisamos voltar a nos sentir seguros?, completou.

Insegurança que também sentem os comerciantes da praça, que já tiveram várias lojas arrombadas. Por isso, a Associação dos Lojistas da Rui Barbosa cobra a instalação de um módulo da Polícia Militar (PM) e chegou-se a cogitar sobre a possibilidade da instalação de câmeras de segurança. Hoje, os lojistas já contam com uma empresa privada de vigilância, que tem um custo de quase R$ 20 mil por mês para as 48 lojas do complexo.

Já para o presidente do Conselho de Segurança (Conseg) do Centro, Mário Daher, o trabalho feito pela PM tem sido ?excelente? e os policiais têm cumprido o seu trabalho. Para ele, a situação de violência e tráfico na região central é ?normal?.

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Segundo o capitão Bruno Silva, do 12.º Batalhão da PM, toda a região central conta com três viaturas do Policiamento Ostensivo Volante (Povo), além do policiamento a pé, das 13h30 às 17h30 e, nas praças, principalmente com o pelotão de moto. Em março, foram aprendidas pelo pelotão quase 600 pedras de crack, 60 gramas de cocaína e seis armas de fogo na região central, além de 51 pessoas presas.

A Prefeitura de Curitiba respondeu que o policiamento da Guarda Municipal, responsável pela preservação do patrimônio público, acontece durante 24 horas por dia. No perímetro central, que inclui as praças Carlos Gomes, Rui Barbosa e Zacarias, tem um efetivo de 100 guardas, além dos 22 guardas que estão no efetivo do posto avançado da defesa no Largo da Ordem.

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Femoclan vai fazer documento para cobrar mais segurança do governador

Mobilizar 5 mil pessoas para entregar um documento ao governador Roberto Requião exigindo respostas em relação à violência em Curitiba é o objetivo da Federação Comunitária das Associações de Moradores de Curitiba e Região Metropolitana (Femoclan).

Para isso, serão realizadas reuniões em cada bairro, das quais sairá um relatório com o mapeamento e a situação de cada local, segundo o presidente da Femoclan, Nílson Pereira. ?Levaremos os problemas de segurança aos principais candidatos a prefeito e apontaremos sugestões. Nós vamos fazer a nossa parte?, explicou. Segundo o presidente da Femoclan, desde 1994, 26 presidentes de associações foram mortos em Curitiba depois de terem denunciado crimes.

O principal entrave apontado pela Femoclan é a falta de diálogo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). ?As nossas cobranças não vão para frente, porque não existe um canal de comunicação com a sociedade.

O poder público não quer discutir o tema. Isso é uma falta de respeito?, reclamou Pereira.

Encontro

Na última quinta-feira, a Rua da Cidadania da Praça Rui Barbosa foi ponto de encontro para o debate sobre a violência na cidade entre representantes de associações de moradores e autoridades. Ainda de acordo com Pereira, o secretário da Sesp, Luiz Fernando Delazari, foi convidado para o debate, mas não compareceu.

As associações aproveitaram o encontro para dar sugestões ao secretário municipal Antidrogas, Fernando Francischini. ?Queremos que o comando da PM e a Secretaria Municipal Antidrogras aceitem nossas sugestões, porque somos nós que vivemos os problemas na pele?, considerou Pereira.

Segundo o secretário municipal Antidrogas, Fernando Francischini, as sugestões são importantes e fazem parte da rede de colaboração no combate às drogas que se pretende criar em Curitiba. Para contribuir com a idéia, está sendo estruturado pela secretaria um ensino a distância para a formação de líderes que possam remeter o tráfico à prefeitura, que deve estar disponível a partir de maio. ?A intenção é formar a primeira turma, com 2 mil líderes, no Dia Internacional Antidrogas, em 26 de junho?, disse o secretário. Por enquanto, a população pode fazer denúncias sobre suspeita do tráfico de drogas pelo site da secretaria, pelo endereço www.antidrogas. curitiba.pr.gov.br/denuncie. (LC)