Policial acaba indiciado por lesões corporais

Uma prisão ilegal terminou no Cope Ä Centro de Operações Policiais Especiais, às 21h de quinta-feira. Diógenes Stempinhaki, 30 anos, estava em frente à sua casa na Rua Marciliano Ferreira dos Santos, n.º 17, Santa Cândida, quando foi espancado pelo investigador da Polícia Civil Amarildo da Silva (lotado na delegacia de Rio Branco do Sul), por Valdecir Brito de Castro, 34 anos, e Lindomar Antônio da Cruz, 35. Depois foi colocado dentro do Corcel II, placa AFG-8835 e retirado do local. A sorte de Diógenes é que uma viatura da Polícia Militar cruzou com o veículo e fez a abordagem. Diógenes foi levado para o Hospital Evangélico, sendo medicado e liberado. O investigador, o tio dele, Valdecir e Lindomar foram indiciados por lesões corporais. Todos foram liberados. O motivo da violência, segundo o investigador Amarildo é que ele acreditava que Diógenes tinha furtado objetos de seu veículo na Boa Vista, no Carnaval deste ano.

Ataque

Diógenes contou que estava conversando com amigos quando encostou o Corcel, dirigido por Amarildo, que desembarcou do carro acompanhado dos amigos e gritaram: “Polícia”. O rapaz garantiu que não reagiu, mesmo assim os três começaram a espancá-lo. “Esta marca aqui foi das algemas”, disse mostrando os pulsos. “Esta outra na cabeça foram tijoladas e pauladas. Na perna eles bateram com o revólver e ainda me deram chutes e pauladas nas costas. Está doendo muito ainda, mas tenho que agradecer que estou vivo. Eles iam me matar”, ressaltou Diógenes com lágrimas nos olhos. Ele disse que depois de apanhar foi colocado dentro do Corcel, deitado no banco de trás. A sua sorte foi que as pernas ficaram à mostra e o trio cruzou com a Polícia Militar, que fez a abordagem. “Se não fosse isto estaria morto”, argumentou. Ele garantiu que não conhece Amarildo nem os outros acusados. “Fiquei sabendo que um deles é da polícia, mas a única passagem que tenho é por uso de entorpecentes. Nunca furtei nada”, acrescentou.

Furto

Amarildo disse que no Carnaval deste ano seu carro estava estacionado em uma rua da Boa Vista, quando um ladrão quebrou o vidro e furtou o som e um colete da Polícia Civil, de sua propriedade. Deste então começou a investigar o caso na tentativa de achar o gatuno. “Eu coloquei gente minha para descobrir e eles me informaram que foi este cara”, relatou. “Ontem (quinta-feira) eu estava passando quando o vi e resolvi abordá-lo. Eu iria levá-lo até a delegacia de Rio Branco do Sul, onde estou lotado. Ele está machucado porque resistiu à prisão”, argumentou Amarildo.

Seus colegas, que estavam junto, contaram outra versão. “A gente estava passando e o Amarildo parou. Não tenho nada a ver com isso. Foi só o Amarildo que bateu nele com um pau”, disse Lindomar Antônio da Cruz, que tem passagem por furto e ficou detido até o final da tarde de ontem, porque havia um mandado de prisão decretado pela 7ª Vara Criminal. No final da tarde, a polícia descobriu que o mandado havia sido revogado e ele foi liberado, como seus colegas. O tio de Amarildo, Valdecir, responde inquérito policial por ameaça. “Eu não tenho nada a ver com isso. Só estava junto”, disse ele.

Investigações

O delegado Roberto Fernandes, do Cope, ouviu todos os acusados e a vítima ontem pela manhã. Ele instaurou um termo circunstanciado para apurar o caso. “A lei prevê que em casos de lesões corporais, a não ser as graves, se adote este procedimento”, explicou. Ele disse que como envolve policial civil, uma cópia do documento foi enviada à Corregedoria da Polícia Civil. “Solicitamos que o Amarildo apresente cópia do boletim de ocorrência que, segundo ele, foi registrado na época do furto. Não que isto justifique a ação. Policial jamais pode agir desta forma”, comentou o delegado.

Voltar ao topo