Policiais corruptos vão falar

Está marcado para o próximo dia 21 o interrogatório das 26 pessoas acusadas de envolvimento no esquema de pedofilia associada a extorsões. Devido ao grande número de réus, a juíza Ana Lúcia Lourenço reservou o auditório da Vara de Auditoria Militar para ouvir os acusados. Apesar de as audiências serem públicas, esta deverá ser realizada a portas fechadas, já que algumas vítimas são adolescentes. Entre os réus do processo, estão três delegados (um deles está foragido), 13 investigadores da Polícia Civil, três escrivães e uma advogada criminalista.

Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público, no dia 26 de junho deste ano, Luciana Polerá Correia Cardoso, 21 anos, mantinha uma agência de acompanhantes, em seu apartamento no bairro Fazendinha e em outro prédio no centro da cidade. Um cliente, que não foi identificado nas investigações, solicitou uma adolescente para um programa sexual. Luciana comentou o pedido com uma mulher, que teria sugerido a idéia de envolver policiais em um ?esquema? para extorquir pedófilos. Para colocar a idéia em prática, Luciana teria convidado seu tio, Lincoln Lima dos Santos, 43, -que foi policial militar – que lhe apresentou os policiais lotados no 7.º Distrito (Vila Hauer).

Quadrilha

O esquema teria sido colocado em prática, no início do ano passado por Luciana, Lincoln, a secretária de Luciana, Bruna Fernanda dos Santos, 20; o delegado Eduardo Marcelo Castela, 37, e os policiais Mário Jorge Ribeiro Couto, 44; Humberto Tiesse, 49; Walmir do Carmo Silva, 46; Aldemar dos Santos, 40; Richard Alberto Dittert, 50; Raimundo Francisco, 46; Gilberto Alves,41; e Marcos Antônio Ferreira, o ?Dentinho?, 40. Eles são acusados de concussão, atentado violento ao pudor, estupro, prostituição e exploração sexual infanto-juvenil.

Para aliciar meninas, Luciana contava com o auxilio de uma adolescente, que era a responsável por convidar suas coleguinhas de escola para participar do esquema. No início, eram quatro meninas.

Ainda de acordo, com a denúncia uma mulher, que não foi denunciada pelo Ministério Público, era a responsável por arrumar os clientes e marcar os encontros, que eram realizados em motéis ou em um dos apartamentos. Depois de tudo armado, os policiais do 7.º Distrito Policial flagravam as meninas e os clientes e colocavam o plano em ação. Com armas em punho, os policiais invadiam o local, e davam voz de prisão ao pedófilo. O flagrante era filmado e fotografado, com telefones celulares e câmeras digitais. Em seguida, os investigadores levavam o pedófilo até o distrito, onde era cobrada quantia em dinheiro para o caso ser esquecido. No 7.º Distrito (Vila hauer), o escrivão Gilberto simulava a formalização do flagrante, orientado pelo superintendente Marco Antônio, o ?Dentinho?, e pelo delegado Eduardo Castella. Segundo a denúncia, o dinheiro do ?golpe? era dividido entre todos os acusados.

Também foram denunciados por envolvimento, os investigadores Jesmael Schoneborn de Moraes, 45, Márcio Glonika, 35, e Dirceu Antônio Zorek, 46, o músico Antônio Carlos Claro dos Santos, o ?Carlão?, 40, o escrivão Júlio César Lima, 35, e o delegado Edson Costa (que está foragido).

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