Policiais carcereiros poderão ficar sem abono

Um clima de inquietação tomou conta de algumas delegacias de Curitiba, com a notícia de que os investigadores que também exercem a função de carcereiros não receberão o abono de 130% nos salários deste mês, porque os delegados esqueceram de encaminhar à Divisão Policial da Capital a relação com os nomes dos policiais beneficiados. O problema teria afetado investigadores da Delegacia de Furtos e Roubos, 9.º Distrito (Santa Quitéria) e 12.º Distrito (Santa Felicidade).

Ontem o delegado titular do 12.º DP, Rubens Recalcatti, confirmou que houve um erro no encaminhamento da relação com os nomes dos policiais – e não um esquecimento -, no entanto, ele mesmo conversou com o delegado-geral, Adauto Abreu de Oliveira, e este autorizou o pagamento do abono, pelo menos para os investigadores daquela delegacia. Já os delegados da Furtos e Roubos e do 9.º DP não foram encontrados em suas respectivas delegacias para explicar a situação. Eles teriam enviado a relação de nomes com 10 dias de atraso.

Sinclapol

Por outro lado, o presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol), Roberto Ramirez, explicou que a expectativa maior está em torno do pagamento do salário com um acréscimo de 120%, autorizado pelo governo Lerner e aprovado pela Assembléia Legislativa, em setembro do ano passado. O aumento se refere à equiparação salarial de todos os policiais.

“Caso venham os 120%, conforme está previsto pela Lei 096, o abono de 130% – que incide apenas sobre algumas vantagens – cai, pois fica englobado pelo outro percentual, que incide sobre o salário total”, explicou Ramirez, salientando que a expectativa é grande entre os policiais. “Ainda não temos notícias sobre o não-envio de listas com os nomes dos investigadores que também são carcereiros. Vamos esperar que os contracheques sejam distribuídos, confirmar as informações e depois tomar alguma atitude”, disse ele.

Ramirez explicou ainda que a responsabilidade pelo envio das listas é dos delegados titulares das delegacias que ainda têm carceragem, e caso eles não tenham cumprido com os prazos, poderão ser punidos por isso.

Preocupação

Enquanto a situação não se define, policiais que ontem estavam de plantão nas delegacias expressavam suas preocupações com o salário do mês. “Temos que começar a pagar o IPTU, comprar material escolar para as crianças, enfim, em fevereiro tem uma série de despesas que pesam no orçamento. Se o salário vier menor, vamos passar por grandes dificuldades”, salientou um deles, preferindo não se identificar.

Atraso impede o pagamento

“Temos que analisar as listas de policiais que também exercem a função de carcereiros todos os meses, pois há delegacias que já não mantêm mais presos em suas instalações, então não há porque pagar a mais para policiais que trabalham nelas, como era o caso da própria Corregedoria Geral da Polícia Civil, que antes guardava presos e hoje já não guarda mais”, explicou o delegado-geral da Polícia Civil, Adauto Abreu de Oliveira, ao se referir à polêmica sobre o pagamento do abono de 130%.

De acordo com a chefe de Recursos Humanos da Polícia Civil, Denise Del Santo, todos os delegados que comandam unidades com carceragem sabem que precisam encaminhar as listas ao Departamento até o primeiro dia útil de cada mês, de forma que elas sejam verificadas e enviadas à Secretaria de Segurança da Pública, para que o pagamento do abono seja efetuado. “Quando eles esquecem, mandam com atraso e não dão uma boa justificativa para isso, o pagamento não sai”, disse ela, salientando que há verbas para pagar o excedente para 1.500 policiais e não mais do que isso. Este mês 1.400 estarão recebendo normalmente.

Ainda de acordo com Denise, no caso do 12.º Distrito houve uma justificativa para o atraso (ocorrido por causa de um engano no encaminhamento da lista com os nomes) e a situação foi resolvida com uma autorização do delegado-geral para que o pagamento seja efetuado. Já com relação à Furtos e Roubos e ao 9.º Distrito o atraso não foi justificado e os policiais não irão receber o percentual esperado.

Voltar ao topo