Policiais afastados após confronto com sem-terra

O governador Roberto Requião (PMDB) determinou ontem o afastamento do major-comandante do 6.º Batalhão da Polícia Militar em Cascavel, Irineu Osires Cunha, do tenente Marco Aurélio de Carvalho, e do aspirante Eliseu Gonçalves, por considerar que eles cometeram excessos após a desocupação, pela segunda vez, da Fazenda Alvorada, em Lindoeste, no Oeste do Estado. Durante um confronto sábado à tarde, quatro pessoas ficaram feridas e outras três foram detidas. Duas ainda estão na cadeia.

Cerca de 80 pessoas que não pertencem ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) deixaram a fazenda invadida na sexta-feira pela manhã antes da chegada da polícia e do oficial de justiça com os pedidos de reintegração de posse. Segundo as informações do presidente da Comissão Especial de Mediação das Questões da Terra e secretário de Promoção Social e Trabalho, padre Roque Zimmerman, as famílias montaram acampamento em frente à fazenda, na propriedade de Ana Paula Conceição, que lhes ofereceu abrigo.

No sábado, a polícia teria recebido informação de que havia armas no acampamento e fez uma vistoria, apreendendo quatro espingardas, dois revólveres e uma grande quantidade de munição. “Estranhei que eles tenham achado isso tudo”, disse o secretário, suspeitando que possam ter sido levados pelos próprios policiais.

A proprietária da área, Ana Paula Conceição, chegou a ser presa e autuada por porte ilegal de armas. Segundo padre Roque, a mulher disse ter sido agredida, o que lhe causou um desmaio. Os sem-terra foram à delegacia protestar e fizeram um acordo, deixando suas foices e facões em troca da liberdade de Ana Paula. Ao retornar, os policiais teriam suspeitado que um dos sem-terra estava armado e mandaram todos se deitarem no chão. Segundo os sem-terra, os policiais, sem qualquer motivo, passaram a atirar com balas de borracha. Já os policiais dizem que alguém teria atirado contra eles. Dois sem-terra foram presos sob acusação de portarem armas de fogo. “Eu não vi as armas”, disse o secretário. Ele esteve na região no fim de semana e afirmou ter visto várias pessoas machucadas, entre elas os dois presos.

Exorbitante

Ao determinar o afastamento dos policiais para responderem a um Inquérito Policial Militar (IPM), Requião disse que o uso da força foi “desnecessário e exorbitante”. O presidente da comissão de mediação foi mais longe. Ele suspeita que a atitude dos policiais possa ter “caráter vingativo”, já que os sem-terra se anteciparam à comunicação sobre o despejo. “No mínimo foi uma operação desastrada e inoportuna”, comentou. Há cerca de 15 dias, quando os sem-terra ocuparam pela primeira vez a fazenda, padre Roque os convenceu a deixar o local, mas como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) não iniciou o processo de cadastramento das famílias, eles decidiram por reocupá-la.

Portal será transformado em centro de treinamento

O prédio que seria o portal de entrada de Foz do Iguaçu será transformado em um centro de treinamento para as polícias Militar, Civil e Florestal. “É preciso dar um destino a essas instalações abandonadas e que custaram mais de US$ 6 milhões aos cofres públicos do Estado”, disse o governador Roberto Requião, determinando a recuperação e adaptação do edifício.

O anúncio foi feito durante a visita que o governador fez na manhã de domingo às obras inacabadas, localizadas na BR-277, na entrada da cidade. A construção foi iniciada em 1995 e deveria abrigar o portal de entrada de Foz do Iguaçu, além das aduanas, num terreno que mede aproximadamente 10 alqueires.

De acordo com o governador, essa idéia é a melhor opção, já que, segundo ele, o principal problema de Foz do Iguaçu é a segurança. “E nós vamos transformar essa cidade no lugar mais seguro do Brasil”, garantiu.

Requião disse ainda que quer que sejam desenvolvidas no local, depois de recuperado, operações de treinamento dos policiais, além de aulas com professores do Ministério Público e Poder Judiciário. “Será um posto de treinamento avançado, levando-se em consideração a região de fronteira.”

O governador estava acompanhado do prefeito de Foz do Iguaçu, Sâmis da Silva, do deputado estadual Dobrandino da Silva, do delegado chefe da 6.ª Subdivisão Policial, Aroldo Davidson, e dos secretários de Turismo do Estado, Luís Cláudio Rorato, e do município, Neuso Rafain.

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