Policiais acusados de assassinar advogado

Três investigadores, lotados na Delegacia de Homicídios, em 1991, e um alcagüete, são os autores do assassinato do advogado Lineu Ferreira do Amaral Filho, que aconteceu no dia 12 de novembro de 1991. A informação é do delegado Gerson Machado, titular do 6.º Distrito Policial, que investiga o caso. Ele prefere não citar nomes, por enquanto mas adiantou que um dos policiais morreu, o outro foi assassinado e o terceiro excluído do quadro da Polícia Civil sob a acusação de ser viciado em drogas.

Há poucos dias, o delegado recebeu pelo correio um recorte de uma matéria do jornal O Estado do Paraná, do dia 25 de junho deste ano, com os nomes de Carlos Ronald Monteiro de Queiroz, o “Boi”, e do detetive Spósito grifados. Anexo ao recorte havia cópia do inquérito policial da morte do advogado, na época foi investigada pela Delegacia de Homicídios, que concluiu ter Lineu cometido suicídio. Após este fato, Gerson Machado começou a investigar o caso. Em pouco tempo ele apurou o nome dos quatro acusados e ressuscitou a história que ocorreu há pouco mais de dez anos. “O estranho é que foi constatado na época que o advogado cometeu suicídio e o tiro foi na nuca”, salientou o policial, que ouviu uma testemunha no litoral do Paraná, esta semana. “Também verifiquei que o advogado possuía uma pistola 762, mas o tiro que o matou saiu de um revólver calibre 38”.

Encomenda

Machado informou que dias antes de ser morto, o advogado procurou João Martinez Dias e pediu para que arrumasse um pistoleiro para executar sua ex-mulher, Liane, e um homem chamado Samuel. João levou até Lineu o alcagüete e ficou acertado o valor de três mil dólares pelo “serviço”. Com a foto de Liane e Samuel, os pistoleiros os localizaram. “Antes de executar o serviço eles contaram para a mulher que o seu ex-marido havia prometido três mil dólares e ela aumentou o valor para que eles matassem o advogado”, relatou o delegado.

Ele disse que depois de “fechar o negócio”, os criminosos ainda procuraram o advogado. Um dos policiais entrou em contato com Lineu e avisou que sabia que ele havia contratado uma pessoa para matar sua ex-mulher. Para esquecer o assunto e não instaurar inquérito, o policial pediu 25 milhões ao advogado. Pressionado, Lineu escreveu uma carta ao secretário da Segurança Pública, contando o fato e citando o nome do detetive Antônio Roberto Spósito, com data de 10 de maio. Dois dias depois, o advogado foi encontrado morto, em sua casa, no Alto da Quinze.

Investigações

O delegado ressaltou que já entrou em contato com o filho do advogado, que deverá prestar depoimento nos próximos dias. “Estamos tentando localizar esta mulher chamada Liane para ouvi-la também. Espero que a família do advogado me passe mais detalhes para que o caso possa ser elucidado”, disse. Segundo Machado, já foi enviado ofício para a 9.ª Vara Criminal, solicitando cópia do inquérito. “Estamos buscando provas e vamos desarquivar esse inquérito também”, prometeu o delegado, que já tirou três inquéritos da gaveta. Um deles apura a morte do guardião Norberto Vieira, mais conhecido como “Português”, morto com onze facadas e um violento golpe de barra de ferro na cabeça, no dia 5 de maio de 1993. O outro investiga o assassinato do investigador da Polícia Civil, Antônio Roberto Spósito, ocorrido no dia 24 de janeiro de 1994, e o do bicheiro Almir José Solarewicz, 45 anos, executado com sete tiros no dia 20 de setembro de 2000. As investigações dos três casos estavam paralisadas. “Com a ajuda da população podemos esclarecer esses e outros casos. Peço a pessoa que já me enviou documentos pelo correio, que mande provas que ajudem na elucidação dos casos”, acrescentou o policial.

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