A Polícia Civil do Paraná concluiu, nesta sexta-feira (8), o inquérito com as investigações sobre o assassinato do casal Bernardo Dayrell Pedroso, 24 anos, e Renata Waeschter Ferreira, 21, cometido em 21 de abril, na BR-116, em Quatro Barras, Região Metropolitana de Curitiba. Os suspeitos de participar do movimento neonazista Ricardo Barollo, 34; Jairo Maciel Fischer, 21; Rodrigo Mota, 19 anos; Gustavo Wendler, 21; Rosana Almeida, 22; e João Guilherme Correa; 18, foram indiciados por duplo homicídio qualificado e formação de quadrilha. O inquérito foi entregue pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) no Fórum da Comarca de Campina Grande do Sul.

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“O crime foi planejado e premeditado por motivos banais. Tudo foi investigado com muito profissionalismo para mostrar para estes grupos que não existe impunidade para ações torpes como as que eles apregoam. As investigações não terminam com a solução do duplo homicídio. Agora a polícia vai ouvir outros acusados de participarem do movimento neonazista e devem ser feitos outros indiciamentos”, explicou o secretário Luiz Fernando Delazari.

O documento entregue à Justiça contém os exames de balística realizados pelo Instituto de Criminalística (IC), esta semana, que confirmam que duas pistolas 9 milímetros apreendidas pelo Cope são as armas utilizadas nos crimes. “Há provas consistentes contra todos, com o delineamento substancial da conduta e participação de cada um para o desdobramento final do crime”, disse o delegado Miguel Stadler, chefe do Cope. Também está anexado ao inquérito o laudo de local, que descreve como foram encontrados os corpos e o veículo, na madrugada de 21 de abril.

Além disso, o inquérito contém documentos como depoimentos de testemunhas que ouviram os disparos, o interrogatório dos acusados, a apreensão de objetos e armas apreendidos durante a investigação e relatório dos investigadores, com os passos da investigação. “Nos interrogatórios, os réus confessam os crimes, com exceção de Ricardo Barollo, acusado de ser o mandante, que negou o crime em todo o momento”, esclareceu Stadler.

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Reconstituição

Ainda deverá ser remetido ao juiz o laudo elaborado pelo IC com a reconstituição do crime. “Durante a reconstituição que fizemos na quarta-feira (6), descobrimos que três tiros foram disparados contra Renata e não dois, como inicialmente o João Guilherme havia nos informado”, disse Stadler. O terceiro tiro, segundo a polícia, ficou alojado no painel do carro em que o casal estava e não atingiu a garota.

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Rodrigo Mota, e Gustavo Wendler estão detidos no Cope. Jairo Maciel Fischer e Rodrigo Barollo, no Centro de Triagem de Piraquara. Já João Guilherme Correa está no Exército, e Rosana Almeida, no Centro de Triagem, em Curitiba. Todos tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça na quarta-feira (06).

Penas

Pelos crimes de homicídio qualificado e formação de quadrilha, os seis podem ser condenados a até 72 anos de reclusão. Agora, as investigações do Cope continuam em torno do movimento neonazista do qual eles participavam. De acordo com o delegado Miguel Stadler, o grupo deve ser enquadrado pela lei 7716/89, que prevê pena de 1 a 5 anos para quem discriminar qualquer raça, religião, etnia ou procedência nacional. “Nesta segunda fase da investigação, outras pessoas devem ser indiciadas por participarem do movimento que tem como doutrina discriminar minorias”. Para a próxima semana, já estão marcados alguns depoimentos de integrantes do grupo e testemunhas que podem revelar outros nomes.

Agora, o juiz que receber o inquérito deverá remetê-lo ao Ministério Público. Se o promotor responsável oferecer denúncia, o juiz pode aceitá-la ou rejeitá-la. Caso aceite, intima os réus para que tomem ciência da acusação e abre prazo para a defesa. No caso do homicídio, o juiz dá a sentença do processo e remete os autos para o Tribunal do Júri.

Crime

No dia 20 de abril, Bernardo e Renata estavam em uma festa organizada por eles em comemoração aos 120 anos de Adolf Hitler. Em determinado momento, atraídos por Rosana, eles deixaram o local e foram até Curitiba. Depois de deixar Rosana em casa, o casal, acompanhado do namorado dela, Gustavo, foram a um mercado e, e em seguida, retornaram à festa.

Em determinado momento do trajeto, segundo a polícia, Gustavo solicitou que eles parassem o carro. Assim que isso foi feito, um carro que os seguia e era ocupado por Rodrigo, João Guilherme e Jairo, também parou. Os três desceram encapuzados. Segundo a polícia, Jairo matou Bernardo, e João Guilherme atirou em Renata.

“Todo o plano foi combinado antes, sob o comando de Ricardo Barollo, apontado pelo grupo de ser o líder nacional do movimento neonazista. Cada um tinha um papel no assassinato do casal e todos estavam se comunicando todo o tempo para que nada desse errado”, explicou Stadler.