Polícia começa a ouvir testemunhas de explosão

A Polícia Civil começou ontem a colher os depoimentos para apurar a causa da explosão que matou duas pessoas e feriu gravemente uma terceira, na fábrica de dinamite IBQ Indústrias Químicas Ltda., também conhecida como Britanite, na segunda-feira à noite, em Quatro Barras. Ontem, a empresa voltou a funcionar, mas a fabricação de espoletas foi suspensa por prazo indeterminado.

O inquérito será presidido pelo delegado de Quatro Barras, Erineu Sebastião Portes, que terá apoio da Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam). A investigação passa agora pela fase de tomada de depoimentos de funcionários da parte técnica da IBQ – este tipo de subsídio permitirá à polícia avaliar se houve falha humana ou da empresa. Um depoimento considerado importante é o do funcionário Deli Pereira dos Santos, 49 anos, que teve as mãos amputadas, a visão afetada e está internado no Hospital Evangélico. Mas, segundo informações da polícia, o estado dele é grave. Outros dois empregados, José Leandro Brazau, 25 anos, e Pedro Prestes de Oliveira, 43, morreram na hora e foram sepultados ontem. A quarta pessoa presente no local da explosão saiu ilesa e também será ouvida durante o inquérito.

Brinel

Segundo o delegado Portes, há indícios de que o acidente aconteceu no manuseio do brinel, usado como condutor elétrico para se fazer a explosão. “O produto já havia sido confeccionado e estava na fase de embalagem”, falou o delegado. O brinel é considerado um explosivo de baixa potência, porém explodiu em grande quantidade. “Mas somente mais tarde poderemos avaliar o que de fato ocorreu. Se no decorrer no inquérito identificarmos negligência ou imprudência, a pessoa responsável ou empresa serão indiciados”, disse Portes.

Em 2000, outro acidente com mortes na IBQ transformou-se em inquérito policial. “Até onde eu sei, ninguém foi indiciado”, disse Portes, que à época não estava no comando da delegacia de Quatro Barras.

O delegado titular da Deam, Guaracy Hoffmann, confirmou que a especializada acabara de conceder o alvará anual de funcionamento à empresa. “Fazemos vistorias no decorrer da vigência do alvará, para ver se as normas estão sendo cumpridas. A IBQ nunca apresentou problema quanto à fiscalização”, disse Hoffmann.

O Ministério do Exército, através do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados, da 5.º Região (que abrange Paraná e Santa Catarina), fará investigação paralela. Segundo o major Carlos Ferreira, da comunicação social, a perícia da Polícia Civil – que tem prazo de 30 dias para ser concluída – será utilizada para apurar as responsabilidades sobre a explosão.

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