Demorou alguns meses, mas a polícia colocou na cadeia um dos homens mais procurados no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Rogério Mattos da Luz, 35 anos, o “Batman”, líder da maior quadrilha de ataques a caixas eletrônicos e carros-fortes do sul do País, foi detido numa residência de luxo, em Copacabana (RJ). Com ele, a polícia pegou Ademir Martins, 34, também integrante do bando. Outros bandidos da quadrilha já estavam presos e alguns morreram em confrontos com a polícia, incluindo Marcos Januário Fagundes, 26, o “Robin”.

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Na casa dele, a polícia apreendeu computadores, alguns com imagens de câmeras de segurança do interior de presídios femininos. Não se sabe como ele conseguiu as imagens, e acredita-se que ele fez isto para saber de sua companheira, presa em agosto.

O delegado Hamilton da Paz, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), disse que as buscas se intensificaram depois que a quadrilha roubou malotes de um carro-forte que abastecia caixas eletrônicos, no pátio de um posto de combustíveis, no Alto Boqueirão, no início do mês passado. Dois vigilantes foram baleados no confronto. Um dos suspeitos, Edson Araújo de Barros, 44, ferido na perna e no ombro, foi preso, horas depois, num hospital, em Mafra (SC). “Batman” levou tiros de espingarda calibre 12 no braço e no peito, mas conseguiu fugir.

Perseguição

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A polícia procurou por ele na Bahia, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Em Porto Seguro (BA), o Cope pediu apoio à polícia local e fechou o cerco contra a quadrilha. Houve confronto, mas os suspeitos escaparam. Semana passada, “Batman” e Ademir foram flagrados em casas de luxo alugadas, na Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro. Nenhum tiro foi disparado e os procurados se renderam.

Foragidos

Hamilton da Paz explicou que o marginal estruturou sua quadrilha, que hoje tem vários “setores”, responsáveis pelo planejamento dos crimes, itinerários e horários de vários carros-fortes. “Eles filmam o trajeto dos veículos, botam gente para fotografar e anotam horários, características dos locais, e rotas de fugas. Às vezes, preferem regiões onde não há sinal de celular”.

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O delegado afirmou que, do setor operacional da quadrilha, dois ainda faltam ser pegos. A polícia ainda vai atrás do setor financeiro do bando. Além de reconhecimentos de vítimas e testemunhas, a polícia conseguiu comprovar a participação de “Batman” em vários crimes pela comparação de impressões digitais, confrontos de DNA e confrontos balísticos.

Ataques violentos eram marca do bando

Um dos ataques mais violentos foi contra o comboio com carro-forte, na serra Dona Francisca (SC), em 8 de outubro, no trecho onde nenhum celular pega. O bando fechou a estrada (SC-301) e atacou o comboio usando explosivos e armamentos de guerra, como um fuzil AK-47. Roubaram os malotes de dinheiro e obrigaram quatro funcionários a se jogar numa ribanceira. Ninguém se feriu gravemente. Depois dos crimes, a quadrilha costumava incendiar os carros para não deixar provas.

Confrontos

Em 27 de agosto, numa abordagem a suspeitos, no bairro Santa Maria, em Colombo, investigadores da delegacia do Alto Maracanã foram recebidos a tiros e houve confronto. O policial Novalski levou um tiro no ombro. Já se recuperou, mas ainda aguarda uma cirurgia para a retirada do projétil, alojado no peito. A mulher de “Batman” e outros dois marginais foram presos, com dinamite e armas de grosso calibre.

Semanas depois, em novo confronto com a quadrilha, em Pinhais, uma pessoa foi presa e mais dinamite foi apreendida num Fox prata.

Em 25 de setembro, policiais mataram Marcos Januário Fagundes, 26, em uma residência, em Pinhais. O rapaz era considerado o braço direito de “Batman”, e por isto conhecido como “Robin”.

Décadas de crimes

“Batman” é conhecido da polícia ,desde a década de 90. Ele foi identificado como autor de furtos em Enéas Marques, no Sudoeste do Estado, em 1998; roubo a uma agência dos Correios e uma loja do Baú da Felicidade, em Curitiba, em 1999; assaltos em Pinhais, entre 2002 e 2007 (a quadrilha tem base fixada em Colombo e Pinhais).

Em uma de suas prisões, em 2006, o Cope apreendeu três fuzis, uma espingarda calibre 12, pistolas calibre 40 e 380, três granadas, 15 carregadores, rádios comunicadores, insígnias da Polícia Civil de São Paulo, jalecos da Polícia Federal, coletes balísticos e muita munição. Em 2007, foi pego de novo com uma metralhadora calibre 30.

Até a semana passada, o bandidão tinha cinco mandados de prisão. Quatro por roubos e um por estar evadido da Colônia Penal Agroindustrial (CPAI), de onde escapou em 18 de abril.