PMs de uma cidade toda podem ir para cadeia

Mais uma denúncia – a terceira nos últimos 30 dias – por crimes de tortura, agressões generalizadas, lesões corporais e abuso de autoridade, praticados por policiais militares, foi oferecida no início da semana pela Promotoria de Justiça de Mallet. Desta vez a denúncia também envolve o soldado João Miguel Ferreira Franco, que até então era o único policial da cidade que não tinha sido citado nos processos. Ao contrário dos demais PMs, ele não teve a prisão preventiva solicitada pela promotora Danielle Garcez da Silva, já que não estaria envolvido em fatos anteriores, “bem como não demonstrou, por enquanto, habitualidade e continuidade delitiva”, conforme afirmou a promotora.

Com mais este processo, todo o efetivo policial militar de Mallet está denunciado à juiza Vanessa de Souza Camargo, que decretou as prisões preventivas de 12 PMs e um civil, o servente de pedreiro Joraci Ribeiro, conhecido como “Jóia”. Estão presos o sargento Marco Aurélio Carvalho, o cabo José Valdevino Fagundes, e os soldados Renato Kruger, Lauro Elias Zavaly, Rogério da Silva Pinto e Herlon César Siqueira. E ainda os soldados Vanderlei Rogério Seretne, Severino Zakaliak, Albino Cieslak, Dolcimar José Stroiek e o sargento Ivanilson Antonio Trojan.

Fatos

Na denúncia encaminhada na segunda-feira, a promotora relatou 12 fatos narrados por testemunhas, durante depoimentos à Promotoria. Em um dos casos, que teria acontecido em outubro de 2001, durante a festa de Nossa Senhora Aparecida, um jovem envolveu-se em uma briga e foi detido pelos PMs, que o levaram até o módulo policial. Lá, foi algemado nas grades da cela, com as mãos para cima, e sofreu agressões dos PMs, que lhe deram socos no estômago e chutes. Outro policial chegou ao local e ajudou a torturar a vítima, estando a porta da frente do módulo policial parcialmente fechada. O rapaz só foi liberado depois que uma tia chegou ao local. Ele teve um dedo destroncado e ficou com muitos hematomas nos braços, pernas e costas, necessitando de atendimento médico.

Interrogatórios

Das três denúncias recebidas pelo Judiciário, apenas a segunda já teve interrogatório marcado. Um dos denunciados, o servente Joraci foi interrogado em 28 de novembro pelo Juízo da comarca de Mallet. Segundo a promotora Danielle, Joraci confirmou que presenciou as agressões cometidas por PMs, inclusive pelo sargento Marco Aurélio Carvalho, contra dois irmãos, conforme foi relatado na denúncia. Ele também confirmou que havia contado aos policiais que os irmãos teriam uma arma de fogo, motivo pelo qual os policiais teriam procurado as vítimas.

Joraci confirmou que estava no local e que presenciou também a invasão da casa dos irmãos, mas negou que tivesse participado das agressões. Os policiais militares citados naquela denúncia serão ouvidos pela juíza de União da Vitória, Joslaine Gurmini, em 11 de dezembro. O delegado de Teixeira Soares, Sebastião Antonio França, que também havia sido denunciado no segundo processo, será interrogado em 18 de dezembro.

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