Polêmica

PM informa que Delazari estava autorizado a afastar policiais

A Polícia Militar manifestou-se ontem sobre as críticas que tem recebido por permitir a ingerência direta do secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, no afastamento de dois oficiais, após a reintegração de posse de um terreno invadido no Campo Comprido, quinta-feira passada.

Em nota oficial, o comandante-geral da PM, coronel Anselmo José de Oliveira, garante que debateu com Delazari a necessidade de afastamento do major Flávio Corrêa, então comandante do 13.º Batalhão, um dos responsáveis pela retirada dos invasores.

Anselmo informou também que o coronel Carlos Alexandre Scheremeta, ex-chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC), não foi afastado e sim pediu afastamento do cargo, alegando motivos pessoais.

Contradição

O comunicado “explica” que o governador do Estado, que é a autoridade que detém o poder de nomear e exonerar oficiais superiores da corporação, delegou a Delazari o exercício desta autoridade.

Porém, ao anunciar o afastamento dos oficiais, em nenhum momento Delazari afirmou estar cumprindo determinação do governador, assumindo para si a responsabilidade pelo ato.

Isso que motivou a insatisfação da tropa, pois pelo Código da PM, o oficial só é afastado se apurada sua incompatibilidade no cargo por inquérito policial-militar e pelo comandante-geral.

Com relação à saída de Scheremeta do comando do CPC, a primeira informação dava conta de que ele foi afastado pelo secretário. Somente agora, depois que o major Nerino Mariano de Brito, subcomandante do 13.º BPM, pediu afastamento em solidariedade a Correia, é que a PM apresentou a versão de que Scheremeta também deixou o CPC a pedido.

Segundo o coronel Anselmo, durante a reintegração “aconteceram algumas ações que desgostam qualquer oficial e praça da Polícia Militar, em particular o uso da munição de borracha que acertou o rosto do cinegrafista”. Ainda em nota, o coronel Anselmo ressaltou que cabe ao comandante responder pelos erros de seus subordinados.

Oficiais mudam de postos

O coronel Jorge Costa Filho assumiu o Comando de Policiamento da Capital (CPC) e o antigo comandante, Carlos Alexandre Scheremeta, ocupa agora o cargo de diretor de Apoio Logístico, função que era de Costa. A troca foi apenas uma das mudanças depois da polêmica sobre o afastamento de Scheremeta.

Com autonomia para definir os comandos dos batalhões da capital, o coronel Costa escolheu o major Sérgio Cordeiro de Souza para assumir o 13.º Batalhão, no lugar do major Flávio Corrêa, afastado na semana passada.

Por praxe, caberia ao major Nerino Mariano de Brito, subcomandante do batalhão, assumir a função, mas em solidariedade ao major Corrêa ele também pediu afastamento do cargo.

“O major Sérgio já trabalhou no 13.º, conhece a tropa e é uma pessoa extremamente competente. Acredito que os praças não irão se opor à minha decisão”, disse o coronel.

O major Corrêa foi transferido para a diretoria do Centro de Recrutamento e Seleção da PM. Costa garante que a função é de “extrema responsabilidade” para a corporação, compatível com a patente de major.

“Fiz essas mudanças, porque confio nesses policiais e na competência deles. Entendo a tristeza e o descontentamento da tropa com o que houve, mas tenho certeza que, na próxima semana, a situação estará normalizada”, finalizou Costa.