Largo da desordem

PM diz que apologia à droga deu origem ao tumulto em Curitiba

A Polícia Militar alegou hoje que o tumulto ocorrido na noite de domingo, no Largo da Ordem, no centro histórico de Curitiba, quando pelo menos oito pessoas tiveram ferimentos leves e passaram por hospitais, foi provocado por um grupo de pessoas que fazia apologia ao uso de drogas e começou a apedrejar as viaturas policiais. A violência foi observada por volta das 21 horas, depois da apresentação do bloco carnavalesco Garibaldis e Sacis que, segundo os organizadores, reuniu sete mil pessoas. Populares reclamaram que a polícia agiu de forma desmedida, com o lançamento de granadas de efeito moral.

Marcos Borges
Viatura que teve os vidros destruídos na ação de ontem.

O comandante do 1º Comando Regional da Polícia Militar, coronel Ademar Cunha Sobrinho, acentuou que foi instaurada uma sindicância para analisar a conduta dos policiais. Segundo uma das participantes da festa carnavalesca, a estudante Kaley Michelle, tudo estava tranquilo até o instante em que a polícia chegou. “Uma pessoa provocou e os policiais saíram atirando”, disse. “Depois foi um filme de terror.” Ela afirmou que correu e conseguiu se esconder em um bar que, logo depois, fechou as portas. Moradores e proprietários dos bares, além dos organizadores do desfile, reclamaram que o policiamento deveria ser ostensivo desde o início, às 16 horas.

O comandante da PM acentuou que havia cerca de 20 policiais a pé durante todo o dia. Segundo o coronel Ademar, por volta das 21 horas, populares chamaram a polícia, pois havia pessoas urinando nas portas de residências e provocando baderna por estarem embriagadas. “A viatura policial parou para verificar o que estava ocorrendo e começaram alguns cânticos, um rap de apologia ao uso de droga”, disse. “Aquele canto foi insuflando pessoas e eles (policiais) foram recebidos com algumas garrafadas e pedras nas viaturas.”

Outros policiais foram chamados, inclusive a tropa de choque, e houve confronto com tiros de balas de borracha e uso de granadas de efeito moral. “A gente usa progressivamente a força para impedir que alguma coisa de pior venha a acontecer”, acentuou o comandante. Para o proprietário de um bar, o tumulto poderia ser evitado. “Se tivesse policiamento fardado antes, não haveria necessidade daquela violência”, disse.

No próximo fim de semana está prevista nova apresentação do bloco. A PM pretende conversar com os organizadores para tentar mudar o local. “Se não for possível, faremos reforço considerável do policiamento”, disse o comandante. O presidente da Associação Recreativa Cultura Amigos dos Garibaldis e Sacis, Itaercio Rocha, disse que já estava em casa quando o tumulto aconteceu. Para o próximo domingo, ele acentuou estar temeroso. “Vamos conversar para ver o que acontecerá”, adiantou.

Fábio Alexandre
Bate-boca foi geral em meio à bagunça. Veja na galeria de fotos e no vídeo a confusão.