Pistoleiro fuzilou taxista em Campo Magro

A aparência pacata e a fala mansa de Judete Rocha da Silva, 53 anos, escondem a índole de assassino de sangue frio. Ex-presidiário e matador de aluguel confesso, ele admitiu ter sido autor da execução do taxista Pedro Carlesso, 44 anos, terça-feira à tarde, em Campo Magro. Preso no início da noite de quinta pela PM e Polícia Civil daquela cidade, Judete disse ter agido a mando de um traficante carioca, que teria sido denunciado pela vítima.

O acusado afirmou que receberia R$ 10 mil de um certo “Neguinho da Mangueira” para matar o taxista. Uma mulher, suposta “secretária” do traficante, teria firmado o trato, entregue o revólver calibre 38 usado no crime e apontado a vítima.

Segundo Judete, “Neguinho” havia apanhado o táxi de Pedro há algum tempo, carregando drogas na bagagem. O motorista teria percebido e avisado a polícia, obrigando o traficante a abandonar a mercadoria. Daí a razão da vingança. “Não conheço o “Neguinho”. Sei que ele mora no Rio de Janeiro, às vezes vem para Curitiba e é do PCC (Primeiro Comando da Capital, grupo criminoso com sede em São Paulo)”, disse. O pagamento integral seria efetivado no dia 4 de outubro, data de uma audiência do matador na Justiça.

O acusado acredita que foi procurado pelo traficante por indicação de algum conhecido da cadeia. Condenado a 42 anos de prisão por cinco assassinatos, Judete cumpriu 28 anos na Penitenciária Central do Estado até ganhar liberdade condicional, no início de 2001. Segundo ele, todos os homicídios foram cometidos por encomenda, em cidades do Norte do Paraná como Londrina, Ibiporã e Maringá. “Matei um fazendeiro, um político… esse tipo”, disse, friamente. O taxista seria a primeira vítima desde sua saída da PCE.

Corrida

Judete conta que a secretária de “Neguinho” lhe mostrou Pedro na manhã de terça, horas antes do crime. O taxista estava dentro de seu Fiesta, placa AKD-4550, no ponto da Praça 19 de Dezembro, em Curitiba. Pacientemente, o matador esperou Pedro passar à frente da fila e solicitou corrida como passageiro comum, às 17h. Junto com ele embarcou no táxi Arnaldo Carlos Pedroso, 28 anos, detido logo depois do assassinato. Segundo o acusado, Arnaldo não tinha nada a ver com a situação. “Encontrei ele na rua, bêbado. Como era vizinho, ofereci carona”, conta.

A corrida foi normal até uma praça na Estrada do Cerne, entrada para o Jardim Cecília, em Campo Magro, destino final de Arnaldo. O amigo do matador pagou os R$ 15 e Judete pediu para o taxista tocar mais adiante – Pedro, porém, teria se negado e falou que iria voltar, já descendo do carro. “Então perguntei se ele conhecia o “Neguinho”. Ele falou que não. Aí eu disse: ‘Conhece sim, e vim a mando dele pra te matar'”, contou o criminoso.

O taxista perguntou se era verdade. Judete confirmou: “É isso, vim pra te matar”. “Ele pegou um revólver e atirou na minha direção”, falou o preso, contando que em seguida baleou Pedro, fazendo a arma dele cair no chão. “Ele correu. Fiquei parado e acertei mais três tiros nele”.

Com naturalidade, Judete contou que em seguida foi para casa, no Jardim Boa Vista II, Campo Magro, jantou, tomou banho e descansou. O matador disse não ter se incomodado em cometer o crime sob a luz das 17h30, na frente de inúmeras testemunhas. “Morte encomendada se faz em qualquer lugar”, disse.

Judete foi preso graças a uma denúncia anônima que chegou às autoridades de Campo Magro. Uma equipe composta por dois policiais civis e dois militares cercou o barraco dele, na Rua Calêndula, e o deteve às 19h de quinta-feira. “Ele se entregou sem resistência”, conta o PM Luciano, que participou da operação. De acordo com o policial Rudimar, da DP de Campo Magro, Arnaldo continua preso em flagrante, mas pode ser solto pela Justiça, já que nada foi provado contra ele. Judete vai ficar preso em uma cadeia da Região Metropolitana até a data do julgamento.

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