PF deve voltar a investigar sumiço de crianças no PR

A Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República vai pedir para voltar a ser investigado pela Polícia Federal e Polícia Civil dos Estados o desaparecimento de 14 meninos em Altamira (PA), 20 no Maranhão e 4 no Paraná. Essas crianças teriam sido seqüestradas, torturadas, castradas e assassinadas. Seus órgãos genitais teriam sido usados pelos criminosos em rituais de magia negra. O chefe da ouvidoria da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, Pedro Montenegro, disse que a suspeita por esses outros crimes recai sobre o mesmo grupo que está sendo julgado no Pará.

A decisão de reabrir as investigações foi tomada em Belém, após as condenações do comerciante Amailton Madeira Gomes a 57 anos de reclusão, e do ex-PM Carlos Alberto Santos Lima, a 35 anos, acontecidas na última sexta-feira.

As autoridades federais ficaram impressionadas com o relato público de peças do processo. Vieram à tona casos de extrema frieza, sadismo e crueldade contra meninos com idades entre 8 e 13 anos, sacrificados em Altamira entre 1989 e 1993. Os crimes teriam sido inspirados pela seita Lineamentio Universal Superior (LUS), liderada por Valentina de Andrade, 73 anos, que foi investigada pela polícia paranaense em 1992, acusada de envolvimento no sumiço de crianças em Guaratuba. Entre elas, o menino Evandro Ramos Caetano, de 7 anos.

Defesa

Os advogados dos médicos Anísio Ferreira de Souza e Césio Caldas Brandão (outros dois acusados de envolvimento com a seita) e de Valentina tentam desmembrar o julgamento dos três acusados, previsto para começar amanhã, em Belém (PA). Eles querem que cada um dos réus seja julgado separadamente.

“Eu peguei a causa agora e preciso de tempo para ler o processo”, justificou o advogado Américo Leal, defensor de Valentina. Ele disse que sua cliente viajou no fim de semana de Belém para Londrina, onde mora, acreditando que o juiz marcará outra data para julgá-la.

Os advogados Jânio Siqueira e Edilson Santiago, defensores dos dois médicos, insistem no julgamento individual de seus clientes, argumentando que a lei penal favorece essa possibilidade.

A subprocuradora-geral da República e procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Maria Eliane Menezes de Farias, disse temer que Valentina fuja do Brasil para escapar do julgamento. “Vou pedir à Polícia Federal para ficar atenta”, disse ela.

Voltar ao topo