Pescadores executados por caseiro em Piraquara

Pescar em local proibido custou a vida dos três rapazes que estavam desaparecidos desde o dia 9 de abril. Às 11h de ontem, policiais da Delegacia de Piraquara localizaram os corpos de Misael Fragoso Batista, 20 anos, Carlinhos Schorrencke, 22, e Marco Antônio Grunth, 34, em matagais de duas chácaras de Piraquara. Os três foram assassinados com tiros na cabeça e os cadáveres já estavam em adiantado estado de decomposição. O autor do crime, o caseiro Anselmo Rosa, 39 anos, foi preso ontem pela manhã e confessou a autoria. Seu colega, José Carlos Moraes, o “Carlinhos”, 30, também foi preso por omitir o triplo homicídio da polícia, já que ele tinha conhecimento dos fatos. Foi José Carlos quem contou aos investigadores o que aconteceu naquela noite.

O delegado Germino Marques Bonfim, da Delegacia de Piraquara, revelou que os três rapazes saíram para pescar por volta das 19h daquela quarta-feira. Por volta das 21h, Anselmo, que cuida da Fazenda Capão, percebeu uma movimentação próximo à barragem, se armou com um revólver calibre 38 e foi ver o que estava acontecendo.

Tiros

Anselmo contou à polícia que se aproximou dos três e indagou: “O que vocês estão fazendo aqui? É proibido pescar”. Segundo o caseiro, um dos rapazes fez um gesto brusco e o capataz ordenou que o cachorro avançasse no desconhecido. Depois apontou o revólver para os outros dois pescadores. Anselmo alegou que uma das vítimas estava com um faca nas mãos e por este motivo desferiu um tiro em sua cabeça. O rapaz caiu sem vida. Em seguida, ameaçou os outros dois de morte, sempre apontando o revólver, e os obrigou a carregar o corpo do próprio amigo até um matagal existente na fazenda, a aproximadamente um quilômetro do local do crime, próximo a um pântano.

Na seqüência, mandou que os dois rapazes continuassem a caminhar. Eles passaram pela Estrada do Horto e entraram em uma outra propriedade. Próximo a um rio, ordenou que as vítimas sentassem e executou os dois homens com tiros na cabeça.

Depois de assassinar três pessoas, Anselmo retornou para casa, onde mora com a amásia e os filhos, na Fazenda Capão, e agiu como se nada tivesse acontecido. Dias depois do crime, ele procurou o colega de trabalho José Carlos Moraes e contou que tinha assassinado três desconhecidos. Além de fornecer detalhes do crime, Anselmo ainda disse o local exato onde tinha deixado os corpos.

Achado

O delegado disse que desde o desaparecimento estava investigando o caso e desconfiava que as vítimas poderiam ter sido assassinadas. “Ouvimos várias pessoas até chegar na autoria do crime”, contou o policial.

José Carlos já tinha sido ouvido pela polícia. Mas só resolveu contar o que sabia ontem pela manhã, quando o delegado, acompanhado de alguns policiais estiveram em sua casa. “Eu não ia falar nada, mas me obrigaram a contar. Também, se não entrego o Anselmo, iam pensar que era eu. Não devo nada. Só sabia o que tinha acontecido, mas nunca tive coragem de ir ver os corpos”, alegou. “Eu sei que a ordem é proibir a pescaria, mas nunca soube antes que alguém tinha morrido por isto”, completou José Carlos.

Poucas palavras

Anselmo falou pouco sobre o crime. “O que eu tinha para dizer já falei para a polícia”, resumiu. “Os três iam me agredir. Não ia fazer nada para eles. Também não sei se eles estavam pescando ou roubando”, acusou Anselmo, sem demonstrar arrependimento.

O delegado Germino disse que além do revólver calibre 38 usado para o triplo homicídio, apreendeu na Fazenda Capão duas espingardas e mais três revólveres. “A fazenda pertence a um advogado. Não vou dizer o nome dele, mas vou indiciá-lo em inquérito policial por permitir que seus funcionários usem ilegalmente armas de fogo.”

O policial garantiu que os trabalhos terão continuidade para que sejam descobertos todos os detalhes a respeito do caso e inclusive para saber qual das vítimas foi a primeira a ser morta. “O Anselmo diz que não sabe porque além de não conhecer nenhum dos três rapazes estava escuro. Vamos aguardar o reconhecimento de familiares para descobrir”, disse.

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