Pênis de boi podre gera seis inquéritos

Um pênis de boi, e ainda por cima estragado, foi o estopim de uma polêmica que vem agitando a pequena cidade de Santa Mariana, Norte Pioneiro do Paraná, há mais de uma semana. O episódio, envolvendo acusações de assédio sexual e o envio de um enorme pênis de boi com a carne apodrecida, gerou, até agora, seis inquéritos policiais – e os protagonistas da briga não parecem dispostos a colocar um ponto final na história. Ao contrário, continuam a jogar lenha na fogueira, dando entrevistas nas rádios locais e trocando acusações que resultam em ainda mais procedimentos na delegacia.

O delegado Nelson Aguila está com a mesa lotada por conta do episódio e comenta que a cidade inteira – de cerca de 15 mil habitantes – não fala em outra coisa.

Tudo começou na terça-feira da semana passada, dia 11, quando a dona-de-casa Onória Regina Bezerra, de 36 anos, fez o seu costumeiro pedido de pés de boi ao matadouro da cidade. “Faz mais de ano que toda quarta-feira eu faço um mocotó e sirvo as porções para as pessoas que vêm aqui em casa. É um dinheirinho que me ajuda a pagar as contas”, contou Onória. Assim, toda terça-feira ela telefonava para o matadouro municipal – que pertence à Prefeitura – e fazia o pedido. No dia seguinte, o caminhão do matadouro entregava os pés de boi.

Cheiro ruim

Só que na semana passada a rotina mudou. Ao atender à porta, por volta das 13h, a filha de Onória recebeu o pacote, dessa vez entregue por uma mulher, colocou na cozinha e pagou, como sempre fazia. Mãe e filha estranharam, no entanto, o cheiro forte da carne. Ao abrir o pacote, em vez dos três pés de boi que tinha pedido, Onória encontrou um pênis de boi “bichado” – já podre, com vermes brancos invadindo a carne.

Segundo ela, o “presente” foi mandado por Cléber Lezim, de 53 anos, chefe do matadouro e também motorista do caminhão. “Ele ainda mandou a sobrinha dele, que é advogada, me entregar aquele pacote. Vê se pode isso, uma doutora fazendo uma baixaria dessas”, contou Onória. O motivo seria pura dor-de-cotovelo: segundo a dona-de-casa, que é viúva, há três anos Cléber a assediava, telefonando e passando com o caminhão, tentando marcar encontros amorosos. “E não é que naquela segunda-feira, antes de eu pedir os pés de boi, ele tinha me telefonado marcando encontro? Eu respondi que não, mais uma vez, e ele me fez essa indecência aí de vingança”, relatou Onória.

Briga

No dia seguinte, a dona de casa foi à delegacia da cidade e registrou queixa. Foi então instaurado um inquérito por crime de injúria. Sabendo do ocorrido, a sobrinha de Cléber foi ao local e, segundo o delegado Nelson, as duas “se pegaram” dentro da delegacia. “Com isso surgiram mais dois inquéritos – cada uma registrou queixa contra a outra por vias de fato”, explicou o delegado.

A partir daí, o caso tomou conta da cidade. Onória e Cléber passaram a dar entrevistas para rádios e jornais da região. Ela chegou a acusá-lo de ser homossexual – e com isso Cléber abriu processo por calúnia e difamação. Ele, por sua vez, contou para a imprensa uma versão diferente: Onória é quem o andava assediando e querendo marcar encontros.

De acordo com o delegado, nas entrevistas Cléber admitiu ter enviado a “ferramenta” do boi para Onória -segundo ele, que é casado, para que a mulher a deixasse em paz. E ainda levantou a hipótese de que a casa de Onória funciona como ponto de prostituição. Essas declarações fizeram com que Onória abrisse um processo também por calúnia. “Vê lá se eu ia querer conversa com um homem que nem esse, velho, pobre e ainda por cima casado”, disse a viúva.

O delegado Nelson Aguila, que já tomou o depoimento de diversas pessoas envolvidas no caso, segue ouvindo mais testemunhas. Nos próximos dias, o próprio Cléber Lezim será chamado à delegacia. “Ele é um dos poucos que falta ser ouvido”, disse o policial.

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