Preocupante

Paraná lidera ranking de jornalistas mortos em 2012

Dados divulgados pela Campanha Emblema para a Imprensa, ontem (17), apontam que o Paraná é o estado mais perigoso para jornalistas. Do total de oito assassinatos em 2012, três ocorreram em terras paranaenses. Foram os casos de Anderson Leandro da Silva (Quem TV, PR), Divino Aparecido Carvalho (Rádio Cultura AM, PR) (foto), Onei de Moura (Costa Oeste, PR).

As informações comprovam o que o Sindijor-PR, ao lado da Fenaj, dos sindicatos de jornalistas e dos trabalhadores da categoria, vêm relatando com o passar dos anos: o crescimento da violência aos profissionais da imprensa.

Segundo o Portal Imprensa, “Morreram mais jornalistas no Brasil em 2012 que no Iraque, Gaza e Afeganistão”. Com os números, o país tupiniquim está em quarto no ranking de periculosidade para jornalistas trabalharem, no mundo.

Segundo o que foi apurado no estudo da PEC, os jornalistas mortos no Brasil este ano somam a metade do total de mortes nos últimos quatro anos (desde 2008, 22 jornalistas foram mortos).

Já no mundo, “2012 marcou um número recorde de assassinatos de jornalistas. No total, foram 139 mortes, em 29 países. O número mundial é 30% superior ao de 2011 e representa cerca de duas vítimas a cada semana”.

A avaliação da entidade é que este ano foi mais sangrento para os jornalistas desde a Segunda Guerra Mundial. Em cinco anos, foram 569 jornalistas assassinados no mundo, neste período Filipinas e México lideram a tabela.

Este ano, a Síria, que vive em guerra civil, teve pelo menos 36 jornalistas mortos.  Desses, 13 eram estrangeiros. Na Somália, o número chegou a 19. Já no Paquistão, 12 jornalistas perderam suas vidas. O México, em meio a uma guerra contra o narcotráfico, se iguala aos números do Brasil.

Segue a lista de vítimas no Brasil: Eduardo Carvalho (Última Hora, MS), Luis Henrique Georges e Paulo Roberto Cardoso Rodrigues (Jornal da Praça, MT), Anderson Leandro da Silva (Quem TV, PR), Edmilson de Souza (Rádio Princesa da Serra FM, SE), Valerio Luiz de Oliveira (Rádio Jornal 820 AM, GO), Decio Sá (O Estado do Maranhão, MA), Divino Aparecido Carvalho (Rádio Cultura AM, PR), Onei de Moura (Costa Oeste, PR), Mario Randolfo Marques Lopes (Vassouras na Net, RJ) e Laecio de Souza (Rádio Sucesso FM, BA).

Relatório da Fenaj

A Comissão Nacional de Direitos Humanos e Liberdade de Imprensa da Fenaj divulga anualmente relatório com índices de violência praticada contra jornalistas brasileiros.

O documento “Relatório de Violência e Liberdade de Imprensa no Brasil”, até agora preliminar, mostra casos de agressões físicas e verbais; ameaças; assassinatos; atentados; censura e processo judiciais; detenção e tortura e violência contra a organização sindical.

Os dados são separados por estados. Para a Fenaj, algumas providências precisam ser imediatas para que a liberdade de imprensa seja respeitada em território brasileiro, como: informação/educação; fortalecimento de políticas públicas de valorização da categoria; efetivação, mudança e criação da legislação em nível municipal, estadual e federal; e fomento aos estudos e pesquisas sobre o tema.

“A Fenaj tem procurado conduzir o tema de forma efetiva, mas também técnica e embasada no fato social, ou seja, buscando conciliar a atual conjuntura aos anseios dos jornalistas sobre a temática”, diz redação da Federação. Há o email violenciacontrajornalista@gmail.com para que denúncias sejam enviadas e os profissionais de todo o país possam colaborar com relatos.

Jornalistas da Gazeta do Povo são ameaçados

Em comunicado ontem (17) à noite, o jornal Gazeta do Povo confirmou que sua redação sofreu ameaças. Segundo a empresa de comunicação, foram três telefonemas, dois deles fazendo menção a um ataque contra repórteres da equipe do jornal.

A direção da Gazeta informa que tomou as medidas necessárias para assegurar a segurança de seus profissionais e que acionou as autoridades de segurança pública para que elas investiguem as ameaças.

Nesta manhã, através do jornalista Carlos Ohara, foi divulgado que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado no Paraná (Gaeco/PR) “instaura processo nesta terça-feira (18) para tentar identificar os autores e as razões de ameaças contra jornalistas do jornal Gazeta do Povo”.

Segundo o promotor Leonir Batisti, chefe do Gaeco/PR, os números telefônicos foram identificados e repassados pela direção do jornal. Algumas das ligações foram realizadas em telefones públicos e os responsáveis pelas ameaças podem ter sido filmados por câmeras de monitoramento.  A investigação foi solicitada pelo Procurador Geral do Ministério Público do Estado, Gilberto Giacoia, após ser informado sobre as ameaças aos jornalistas.