Ozair: “coisas do passado”.

O vendedor Ozair Laurindo Ferreira, 32 anos, que matou a própria sogra por esganadura, prometeu se apresentar à polícia ontem, mas acabou procurando a imprensa para dar sua versão e pedir ajuda. Ele justificou que ainda não foi até a delegacia do Alto Maracanã – onde deve se apresentar – porque não tem dinheiro para pagar um advogado e quer responder, pelo crime que praticou, em liberdade. Ozair deu sua versão para o caso e assegurou que matou a sogra “por amor à sua mulher”, a quem nunca traiu, como seus familiares falaram no dia do crime.

Ele disse que pretendia comprar um terreno em sociedade com a sogra. “Como a região do Alto Maracanã é muito perigosa, falei para a minha sogra que a minha mãe também poderia se interessar. Ela podia vender a casa dela e comprar o terreno em sociedade com a gente. Por isto, eu e a minha sogra fomos até a casa da minha mãe, no Jardim Paloma”, contou. Ozair nega que tinha outras amantes ou qualquer relacionamento amoroso com a sogra. “Não premeditei nada. É que veio à tona coisas do passado”, salientou. Depois de revelar detalhes de como tudo aconteceu, ao repórter Roberto Accioly, de uma emissora de TV, e também à Tribuna, o acusado saiu caminhando pela rua, sem destino, aguardando que algum advogado aceite acompanhá-lo até a delegacia.

Bailão

O homicida confessa que conheceu sua mulher, Rosemari, e a mãe dela, Maria Ferreira dos Santos, há dois anos em um bailão. Meses depois, Rosemari teria ficado grávida. “Na época, ela me disse que abortou o bebê, mas não porque queria. Eu era louco para ter um filho com ela”, enfatizou. Ozair contou que há um ano, passou a morar junto com Rosemari e os dois filhos dela. “Ela trabalhava como diarista uma vez por semana. Como tenho emprego fixo, pagava todas as contas da casa. Nunca deixei faltar nada. A Rosemari é a mulher da minha vida”, declarou.

Segundo Ozair, no dia do crime a discussão teria começado porque sua sogra não queria que Rosemari tivesse um filho dele. “Estávamos conversando na cozinha. De repente ela começou a gritar comigo e dizer que eu não era uma pessoa de confiança. Ela disse que fez pressão para que a Rosemari abortasse meu filho”, alegou. “Na cozinha tinha faca, copo e eu tentei segurar. Acabou acontecendo o que aconteceu. Acho que uma tábua despregou e bateu na cabeça dela”, justificou. “A minha sogra era brava. No outro genro dela, chegou a dar foiçada”, relatou.

Missa

Ainda de acordo com declarações do acusado, quando viu que a sogra estava morta, resolveu sair. “Eu ia contar para minha mulher. Fui para casa, mas não tive coragem. Nem dormi direito.” Na manhã de domingo, ele foi à igreja da Colônia Faria, assistiu a missa e voltou para a casa de sua mãe, na Rua Piraquara, no Jardim Paloma, em Colombo. “Estava com a cabeça muito longe e sabia que tinha que colocar o corpo em algum lugar”, disse. Foi quando, ele resolveu tirar as tábuas do assoalho do quarto de casal da moradia e colocar o corpo da sogra embrulhado num lençol. Ozair negou que tenha telefonado para sua mãe, perguntando se ela tinha uma picareta e uma pá. “Eu fui para a minha casa para contar para minha mulher. Mas, os parentes dela estavam lá. Então resolvi sair e estou há três dias andando por ai, com a mesma roupa”, justificou. Ele disse que depois tentou falar com sua mulher, mas não conseguiu. “Falaram que eu ia matar minha mulher e as crianças. Isto é uma grande mentira. Eu a amo demais. Se eu não gostasse tanto, não teria assumido seus filhos como se fossem meus?, argumentou.

O vendedor explicou que quer responder pelo crime em liberdade, para continuar ajudando financeiramente sua mulher e os filhos dela.

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