Obesidade faz traficante cumprir pena em casa

Devido à obesidade mórbida, a Justiça está mantendo uma traficante em prisão domiciliar, na cidade de Santo Antônio da Platina, no norte do Estado. Cassiana Alves, que tem 27 anos e pesa 315 quilos, foi presa no dia 18 de setembro durante a operação da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc) de Londrina, batizada de Nova Dantzig, que prendeu 16 pessoas. A mulher era responsável pela distribuição de crack na cidade.

O caso veio à tona ontem, depois que o delegado-chefe do Denarc em Londrina, Michael Rocha de França Araújo, foi até a residência da traficante para interrogá-la. Ele próprio diz que pediu à Justiça a conversão da prisão temporária – decretada anteriormente – em domiciliar, depois que se deparou com a situação. Para ele, uma cadeia pública ou penitenciária não teriam condições de abrigar a presa. “Causaria um certo transtorno, pelas necessidades que ela tem”, observa.

Além da obesidade, Alves tem um tumor de cerca de 30 quilos na perna direita. Ela vive com a mãe, duas irmãs e os sobrinhos. A família se recusa a dar qualquer declaração e afirma que o assunto será tratado apenas na Justiça.

Segundo o delegado, a traficante admitiu, em seu depoimento, que revendia 200 gramas em pedras de crack e tinha um rendimento de cerca de R$ 10 mil por semana.

Disse ainda que entrou no tráfico porque não conseguia emprego e precisava ajudar no sustento da família. A distribuição da droga na região era feita através de dois adolescentes.

Araújo explica que a mulher está sob vigilância, mas não permanente. “Policiais militares e oficiais de justiça passam regularmente lá”, informa. Ele diz que os oficiais devem enviar à Justiça relatórios mensais para que a condição da presa seja constantemente avaliada.

“Caso tenha alguma conduta que a desqualifique, a Justiça pode revogar a prisão domiciliar”, informa, lembrando que a situação da traficante difere da liberdade condicional ou assistida. “Ela está presa”, ressalta.

A quadrilha da qual a traficante fazia parte era responsável por movimentar cerca de R$ 200 mil por semana e comandava o que era considerado, pela polícia, um dos principais esquemas de tráfico de drogas do interior do Paraná.

As drogas eram trazidas de Foz do Iguaçu e distribuídas por várias cidades do norte do Estado. De acordo com Araújo, os 16 membros da quadrilha detidos durante a operação continuam presos. Apenas um está foragido.