Nove execuções em dez dias, em Colombo

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Jeferson foi uma das vítimas.

Uma transação de compra de crack que deu errado é o motivo de uma verdadeira guerra entre traficantes na região do Alto Maracanã, em Colombo. De acordo com o superintendente daquela delegacia, Job de Freitas, muitas das mortes ocorridas nas últimas duas semanas, nos bairros adjacentes ao Alto Maracanã, estão relacionadas com o tráfico de drogas. Inclusive, a execução de um jovem no Bairro Alto, em Curitiba, no último domingo, também pode estar conectada a essa guerra.

O policial adiantou que há pouco tempo um grupo de traficantes paranaenses viajou até Mauá (SP) para adquirir crack. No momento do acerto, eles não pagaram o combinado e houve uma troca de tiros para dar cobertura à fuga. Nesse tiroteio, um traficante paulista morreu e o seu grupo jurou vingança. "São esses homens que estão por trás de alguns crimes em nossa região. Vieram acertar contas com os devedores", explicou Job, que já chegou a receber ameaças por telefone dos traficantes. Eles disseram que vieram fazer uma "limpa". Em contato com a polícia paulista, foi confirmado que houve essa troca de tiros em Mauá. Os investigadores de Alto Maracanã tentam identificar quem está agindo na região como exterminador.

Mortes

A violência em Colombo aumentou sensivelmente a partir do dia 10 de dezembro. Neste dia foram mortos Noemi Chaves, 45 anos, e o filho dela, Thiago Chaves, 16. Ela foi baleada no portão de casa, na Rua do Tenente, Jardim Guaraituba, e o adolescente dentro da moradia. Os dois foram encaminhados a hospitais de Curitiba, mas não resistiram. Segundo investigações preliminares, as vítimas tinham ligação com o tráfico de drogas na região e por isso foram executadas pelos rivais paulistas.

As mortes que se sucederam também foram marcadas pela violência e podem ter a assinatura do grupo paulista. No dia 16, Rosano Camargo, 18, foi morto a tiros dentro do quarto em que dormia, na Rua Crisântemo, bairro Monte Castelo. Dois indivíduos armados arrombaram a porta da casa, agrediram a mãe dele com pontapés e bateram também no padrasto. No quarto, executaram Rosano com dois tiros na cabeça. Em seguida, os matadores fugiram em duas motos, assim como na dupla execução do Jardim Guaraituba.

Às 19h do último sábado, Jeferson Ribeiro, mais conhecido por "Tartaruga", 17 anos, foi morto na Vila Liberdade, com tiros na cabeça, em frente à casa da namorada. Ele havia saído há poucos dias do Educandário São Francisco e era conhecido da polícia por cometer furtos e roubos de carro. A prática desses crimes sempre chama a atenção da polícia e isso atrapalha o tráfico de entorpecentes na área. Essa é uma das hipóteses para ele ter sido morto. Um dia depois, Marcelo José Pirrotti, o "Chinês" foi executado com 12 tiros de pistola, disparados por uma dupla que ocupava um Santana azul, no Bairro alto. Ele era o irmão mais novo de Marcos Antônio Pirrotti, o "Marcão", que é acusado de ter ligações com o tráfico de drogas naquele bairro. A Delegacia de Homicídios apurou o apelido de dois suspeitos, que são moradores em Colombo. Ambos teriam sido sócios de Marcelo na revenda de drogas, mas se desentenderam com a vítima, pela suposta instalação de um ponto de comercialização de entorpecentes no bairro, sem consentimento prévio.

Mais violência

Na madrugada de segunda-feira, três adolescentes foram executados na casa de um deles no Jardim Eucalipto, Colombo. Valdelis de Oliveira Faria, Jeferson de Oliveira Gonçalves, ambos com 17 anos, e Edimar Maciel Guimaraes, 16, não tinham antecedentes criminais, mas de acordo com o superintendente Job de Freitas, o irmão de um deles é viciado em crack. Em todas as mortes há sempre uma conexão com os mundo das drogas. No assassinato dos adolescentes, com tiros na cabeça, um dos matadores teria dito: "Isso é para vocês aprenderem a não "folgar’ com bandidos".

Para finalizar a seqüência de mortes, o catador de papel Bruno Henrique Zuir, 20 anos, recebeu tiros e caiu sem vida num carreiro que liga a Vila Zumbi dos Palmares com a Estrada da Graciosa, em Colombo. Mais uma vez, dois homens – ocupando uma motocicleta – apareceram com armas e cometeram o crime. A vítima foi morta em frente a mulher e filho com tiros de pistola nove milímetros. Bruno já tinha estado preso por porte ilegal de arma no Alto Maracanã.

Em todas as execuções, os matadores não se intimidaram com a presença de familiares ou amigos e sequer tiveram a preocupação de esconder os rostos.

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