Nova penitenciária de Foz está servindo de exemplo

A Penitenciária de Foz do Iguaçu, considerada a mais moderna do País, foi inaugurada ontem pelo governador Jaime Lerner. Com capacidade para quinhentos presos condenados, a prisão de segurança máxima foi construída em tempo recorde de seis meses. O investimento na obra chegou a R$ 11,4 milhões. A nova concepção é referencia para outros Estados, bem como para países.

Foz do Iguaçu – A nova penitenciária foi construída em um terreno de 34 mil metros quadrados doado pela Prefeitura de Foz do Iguaçu. A área construída tem quase 6 mil metros quadrados. Ao redor da unidade foram construídas duas cercas, com seis e quatro metros de altura. A cerca externa foi instalada sobre um muro de concreto armado com quarenta centímetros de espessura. Entre as duas cercas foram instalados ainda rolos de arame farpado do tipo “ouriço”, com lâminas de navalha.

Construída com blocos pré-moldados e tecnologia importada dos Estados Unidos, a nova penitenciária é totalmente automatizada. Em caso de rebelião, o sistema de travamento e abertura das portas passa a ser controlado de dentro do bloco administrativo, evitando fugas do local. Um circuito fechado de TV, com 36 câmeras digitais, monitora a unidade durante 24 horas. Nenhum ponto da penitenciária fica fora da vista dos agentes penitenciários. A área externa do presídio também é vigiada por câmeras. Toda a comunicação dentro da unidade é feita com comunicadores internos com identificadores de chamadas, que indicam a localização de quem está falando. O equipamento detecta inclusive alterações no tom de voz. “Essa nova concepção de unidade prisional que estamos construindo no Paraná tem servido de referência para diversos Estados brasileiros e até para países como o Chile e Angola”, explicou Lerner.

A automatização das portas de acesso aumenta o controle de entrada e saída do local. As portas localizadas dentro da unidade só abrem individualmente – para uma ser aberta, a outra precisa estar fechada. O acesso à unidade é controlado por portaria com detector de metais. Todos os funcionários, visitantes, policiais e advogados passam pelo circuito. O visitante ainda é revistado antes de manter contato com o preso.

Celas

A unidade tem três alas para presos. Uma com 44 celas e duas com quarenta. As celas têm capacidade para abrigar quatro detentos em camas individuais e possuem paredes de cinqüenta centímetros de espessura. Elas foram construídas com concreto armado, o que não permite a abertura de túneis para fuga. A abertura das portas das celas também é acionada por controle remoto. Na entrada de cada cela há um comunicador de voz, um visor com vidro de segurança e uma portinhola, por onde os presos recebem água. As celas não têm tomadas ou interruptores. O uso da energia é determinado pela central de controle, assim como a duração dos banhos. A alimentação é feita no refeitório, montado com mesas e banquetas metálicas, chumbadas ao chão.

A Penitenciária de Foz do Iguaçu, segundo sua diretora, Margarete Rodrigues, está preparada para oferecer todas as condições de recuperação aos detentos. “Aqui eles terão todo o apoio necessário, com assistência médica, psicológica e educacional”, afirmou. Por outro lado, o prefeito de Foz do Iguaçu Samis da Silva lembrou que é sempre uma decisão delicada para um município aceitar a instalação de uma penitenciária, mas que confia na proposta. “Nossa região tem sérios problemas com a superlotação das delegacias, por isso não poderíamos negar essa contribuição a um projeto sério e competente”, afirmou.

Tavares coordenou remoção

A remoção dos presos condenados que estavam abrigados na cadeia de Foz do Iguaçu teve início logo após a inauguração da nova penitenciária. A operação foi coordenada pelo secretário de Estado da Segurança Pública, José Tavares. “Inicialmente, foram transferidos 45 detentos. Mas todos os presos condenados de Foz do Iguaçu serão removidos para a nova unidade nos próximos dias”, afirmou.

A cadeia fica 850 metros distante da nova penitenciária. A operação de transferência foi feita com todo o aparato de segurança. Os presos foram removidos em um ônibus especial, acompanhados por uma escolta de 42 policiais, civis e militares, e mais o helicóptero do Centro de Patrulhamento Aéreo.

Já na nova penitenciária, os detentos passaram por uma revista, ganharam kit de higiene, roupas para verão e inverno e roupas de cama e banho. Antes de seguirem para suas respectivas celas, os detentos ouviram o secretário Tavares, que lhes falou sobre as características da nova unidade. “Essa é uma penitenciária de regime humanizado, com tratamento mais digno, voltado a dar condições para um retorno à sociedade”, disse o secretário.

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