Nova ferramenta contra o tráfico

Uma nova ferramenta será utilizada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública no combate ao crime organizado no Paraná. Trata-se de um equipamento moderno do Instituto de Criminalística de São Paulo capaz de identificar a origem geográfica de amostras de maconha. A utilização desse equipamento será possível a partir da assinatura de um convênio que está sendo firmado entre o Instituto de Criminalística do Paraná e o de São Paulo.
O anúncio foi feito na tarde de ontem, em Curitiba, pelo secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari. ?Esse equipamento permite traçar as rotas do tráfico no País. Para o Paraná, será uma importante ferramenta no combate ao crime organizado?, considerou Delazari.
Assim como as impressões digitais, característica única de cada pessoa, cada elemento da droga apreendida possui uma espécie de assinatura ou impressão digital química. Assim, uma folha de maconha traz em sua composição elementos do solo onde foi cultivada.
Cada ?assinatura química? da droga comparada ao tipo de solo poderá ajudar a delimitar as áreas de cultivo. As análises também poderão indicar se há ligações entre traficantes e usuários, quando as informações de amostras da droga apreendida forem semelhantes.
Além disso, o convênio também possibilitará a realização de projetos de pesquisas conjuntas entre os institutos paranaense e paulista e a criação de um banco de dados com as características dos diversos tipos de solos do País e com as regiões onde eles são comuns. ?Esse equipamento será extremamente útil para que a gente possa atender às necessidades de nossas autoridades policiais no combate ao tráfico de drogas?, afirmou José Lourenço Bueno, diretor do Instituto de Criminalística do Paraná.
O convênio, do qual já participam outros sete estados brasileiros (Acre, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará e Pernambuco), prevê ainda o desenvolvimento de procedimentos científicos de laboratório; colaboração técnico-científica para treinamento de peritos para pesquisas em criminalística e intercâmbio de informações e amostras de interesse criminalístico.
Outras análises
De acordo com o diretor dos laboratórios do Instituto de Criminalística de São Paulo, perito criminal Osvaldo Negrini, a identificação da origem geográfica de amostras de maconha é o carro-chefe do equipamento paulista, que está sendo utilizado em São Paulo há três anos. ?Hoje, podemos afirmar que mais de 95% da maconha apreendida em São Paulo é oriunda do Mato Grosso do Sul e do Paraguai?, disse o diretor do Instituto de Criminalística paulista.
?Mas esse equipamento analisa também resíduos de armas de fogo na mão de suspeitos e misturas usadas na cocaína?, explicou Negrini. Essas técnicas também poderão ser utilizadas pela Polícia Científica paranaense a partir desse convênio. ?A pesquisa de resíduos de disparo de arma de fogo passa por um analisador de massa de alta resolução que é utilizado para distinguir homicídios de suicídios?, contou o diretor.
Segundo ele, o equipamento também é capaz de identificar misturas usadas na cocaína. ?Os traficantes usam misturas regionais para baratear o custo, como lidocaína e cafeína. A partir dessas análises, podemos identificar os traficantes?, concluiu Negrini.

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