Mortes de vendedores de carros são esclarecidas

Uma série de investigações para elucidar dois latrocínios (roubos com mortes) em Pinhais, resultaram na prisão do comerciante Marcos Roberto Mendes de Alencar, 23 anos. Ele foi preso em Dois Vizinhos, interior do Paraná, na noite de quarta-feira, pelos investigadores Jair, Marçal e Valdemir. O delegado Gerson Machado apurou que Marcos, que residia no interior, vinha para Curitiba para roubar pessoas que estavam vendendo carros. Ele costumava agir aos sábados em uma feira de automóveis, no Tarumã. Para não ser denunciado pelos roubos, assassinava os proprietários dos veículos. “Com ele apreendemos o Golf de uma das vítimas, documentos e a arma do crime”, revelou o delegado.

Marcos está sendo apontado como autor dos latrocínios que vitimaram os vendedores de carros João Toporoski, 53 anos – crime acontecido em janeiro passado – e Reginaldo Ferreira Machado, 37, morto no final de março. Os dois corpos foram achados na Estrada Ecológica, no bairro Capoeira Grande, em Pinhais. “O que nos chamou a atenção foi que as duas vítimas estiveram na feira do automóvel pouco antes do crime”, comentou Machado.

Investigações

Os policiais estavam envolvidos na investigação da morte de Toporoski (dono de uma loja de carros usados) quando ocorreu o segundo crime. “As pistas do primeiro começaram a aparecer e felizmente conseguimos elucidar os dois”, comemorou Machado.

Uma testemunha contou que dois homens “desovaram” o corpo de Reginaldo na Estrada Ecológica e descreveu um dos assassinos. Dias depois, a polícia recebeu informações que o Golf do vendedor, placa ANJ-0355, foi visto circulando em Pinhais. Depois foi descoberto que o pai de Marcos morava próximo ao local onde o carro foi visto, e que Marcos residiu no Boqueirão (onde antes acontecia a mesma feira de carros que agora é realizada no Tarumã), mas passava por dificuldades financeiras e tinha se mudado para Dois Vizinhos, onde montou uma loja de som, em sociedade com um outro homem. “Talvez a loja tenha sido comprada com o dinheiro roubado das vítimas”, arrisca Machado, que pediu à Justiça a decretação da prisão preventiva do acusado.

Violência e sangue-frio em cada crime

João Toporoski, 53 anos, dono de uma revenda de carros usados, costumava adquirir automóveis em feirões ou “pedras”, para revendê-los. No dia em que foi morto, um sábado, tinha saído de casa com seu Kadett, com o objetivo de comprar um Vectra. Levou R$ 115 mil em cheques e mais uma parte em dinheiro, para fechar um ou mais negócios. Ao chegar no feirão do Tarumã, olhou vários carros e se interessou por um Vectra, que também estava sendo olhado por Marcos, que demonstrava muito interesse em adquirir o veículo.

Marcos chegou a pedir para o proprietário do veículo para experimentá-lo, dizendo que ele poderia ir junto, mas o dono não concordou. Devido ao interesse de Marcos, João desistiu de comprar o Vectra e já estava indo embora, quando o acusado lhe pediu uma carona. A cena foi presenciada pelo dono do Vectra que, por pouco, não foi a vítima de latrocínio. A polícia ainda não apurou o que aconteceu na seqüência, já que só irá interrogar Marcos no início dessa semana.

Corpo

Às 11h do dia seguinte o corpo do empresário foi localizado. Ele foi morto com quatro tiros, dentro de seu Kadett, na Estrada ecológica, no bairro Capoeira Grande. Embaixo do tapete foi localizada parte do dinheiro do comerciante, não encontrada pelo assassino, que havia se apoderado de cerca de R$ 20 mil.

O delegado Gerson Machado informou que as investigações apontaram que o autor pretendia levar o veículo, mas a vítima resistiu. Houve luta dentro do Kadett. “Acreditamos que Marcos não levou o Kadett porque, na confusão, o câmbio do carro quebrou”, afirmou o delegado.

Atraído para uma cilada

O vendedor Reginaldo Ferreira Machado, 37 anos, também costumava fazer negócios no feirão do Tarumã. No dia 27 de março ele saiu para oferecer o Golf placa ANJ-0355. Logo depois do almoço conheceu Marcos, que circulava entre os carros se dizendo interessado em um Vectra. Porém, ao ver o Golf em bom estado, desistiu do outro modelo. A partir daí começou a negociar com Reginaldo.

Após uma longa conversa, Marcos o convenceu que teria que buscar o dinheiro para pagar o automóvel na casa de parentes, em Pinhais. Parecendo que estava prevendo o que iria acontecer, Reginaldo telefonou para a família e avisou que havia feito negócio e estava indo buscar a importância em dinheiro em Pinhais. Pouco depois, telefonou novamente, dizendo que uma parte do dinheiro estava na casa de outro parente do suposto comprador, desta vez em Piraquara. Na seqüência, em novo telefonema, ele avisava que estava retornando para o Pinheirão e chegou a comentar que não queria mais fazer negócios como esse. Depois não deu mais notícias.

O corpo de Reginaldo foi localizado no dia seguinte, na Estrada Ecológica, com vários tiros. Ele não portava documentos e só foi identificado no dia seguinte, por familiares, no Instituto Médico-Legal (IML), em Curitiba.

Apurados outros casos

O delegado Agenor Salgado Filho, titular da Divisão de Polícia Metropolitana, que acompanhou as investigações que levaram Marcos de Alencar à cadeia, disse suspeitar que outros crimes, até agora insolúveis, ocorridos em municípios ao redor de Curitiba, poderão ser solucionados com a prisão do acusado. “Há uma integração entre as delegacias da RM e os casos semelhantes serão analisados”, comentou o policial, que prometeu dar apoio necessário às novas investigações e quebrar o mito de que os crimes que acontecem na Região Metropolitana ficam impunes. O acusado deverá ser apresentado hoje à imprensa.

Voltar ao topo