Morte de garçom ainda sem esclarecimento

Quase um mês depois do garçom Jonys Proença, 24 anos, ser morto com um tiro nas costas, por uma bala perdida durante uma perseguição da Polícia Militar a um seqüestrador, a família da vítima não recebeu nenhum esclarecimento sobre o fato e está pedindo Justiça. Ontem a mulher de Jonys, Juliana Rodrigues Proença, 22, – com quem o garçom tinha um filho de 3 anos -, esteve na Delegacia de Homicídios, para saber como estão as investigações. “Não pode parar por aí. Queremos que a verdade apareça”, salientou.

Juliana lembrou que o amigo de Jonys, Waocimar de Souza Alves, 30, prestou depoimento na DH e disse que eles ouviram as sirenes de viaturas e em seguida os disparos, que atingiram Jonys e Waocimar nas costas. Uma mulher que estava no local, também prestou depoimento e disse que o socorro demorou cerca de 30 minutos para chegar e Jonys foi retirado do local já sem vida. “É uma pena. Segundo informações da Delegacia de Homicídios, as armas não foram entregues até hoje para serem periciadas pela Polícia Civil”, salientou.

IPM

O capitão Daniel Newman, responsável pelo Inquérito Policial Militar, que apura o caso, disse que o inquérito será concluído até o dia 17 de agosto. Enquanto isto, os quatro policiais, da Rádio Patrulha do 13.º Batalhão, que participaram da operação, estão prestando serviços administrativos. “Dependemos dos laudos. Ouvimos as mesmas testemunhas que a Delegacia de Homicídios. Nossa investigação é isenta e tem até um promotor acompanhando”, ressaltou. “O nosso inquérito tem um certo sigilo e dependemos dos laudos da Polícia Científica que são demorados”, acrescentou.

Ele disse que, após este prazo, o inquérito será encaminhado para a Justiça Militar, que deverá decidir se a competência é militar ou da Justiça comum.

Até agora os dois assaltantes que estavam sendo perseguidos não foram identificados nem presos.

Tiros

Policiais militares perseguiam os criminosos, que haviam seqüestrado uma microempresária, dona no Pálio, placa GUB-6768, na Cidade Industrial. De acordo com informações, um dos marginais estava no volante do veículo quando os PMs chegaram. Ele fugiu e o cúmplice ficou no interior da agência bancária para onde haviam levado a mulher, para obrigá-la a fazer um saque.

A Polícia Militar afirma que o ladrão que estava no carro reagiu e atirou e os policiais revidaram. Testemunhas que estavam na rua, de acordo com relatos no inquérito da Delegacia de Homicídios, só viram as viaturas passarem e os PMs atirando. Dois dos disparos, atingiram as costas de Jonys e seu colega Waocimar.

Outro caso sem solução

Um ano e três meses depois de o office boy Malael de Oliveira, 20 anos, ter sido morto durante um confronto com policiais militares, o inquérito foi remetido à Delegacia de Homicídios pela Promotoria de Investigação Criminal (PIC). De acordo com o Inquérito Policial Militar (IPM), o confronto ocorreu às 23h do dia 8 de março do ano passado, no bairro Santa Helena, em Colombo. Eles apuraram ainda que dois soldados foram autores dos disparos que mataram o office boy. Foi instaurado IPM para apurar os fatos e a conclusão era de que os soldados agiram no cumprimento do dever legal, sendo excluída a culpabilidade.

Um dos promotores que analisou o caso – Paulo Lima, da PIC – entendeu que, como se trata da morte de civil, o inquérito policial militar não tem validade. Lima ainda salientou em seu despacho, que o IMP não juntou o laudo de necropsia nem o laudo do Instituto de Criminalística, que constata que a vítima foi morta por três tiros, sendo dois de pistola nove milímetros e um de revólver calibre 38. A promotoria constatou ainda que a pistola não foi entregue para perícia.

Outro

A mulher de Jonys – garçom que morreu em outro caso envolvendo PMs -, Juliana Rodrigues Proença teme que o caso de seu marido, tenha o mesmo destino.”Só queremos que a Justiça seja feita. Ele não volta mais”, salientou a jovem.

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