Mistério e drama sem fim

Há menos de três meses do novo julgamento de Celina Abagge e de sua filha Beatriz, novos fatos surgem e dão indícios da polêmica que deve permear mais um júri relacionado ao "caso Evandro". Acompanhadas do advogado Osman de Oliveira, e de outros defensores, na tarde de ontem, mãe e filha convocaram a imprensa para fazer uma denúncia: policiais estariam providenciando uma nova armação para atribuir outros crimes a Celina e Beatriz, a fim de garantir a condenação de ambas. O julgamento delas está marcado para o dia 17 de novembro, em Curitiba.

Segundo Osman de Oliveira, a denúncia partiu de Ana Lúcia Soares Colare, 38 anos, mulher de Vicente de Paula Ferreira, 56, condenado a mais de 18 anos pela participação na morte do garoto Evandro Ramos Caetano, ocorrida em 1992. Na casa de mãe e filha, e na presença dos advogados, Ana Lúcia contou que ontem foi até a Casa de Custódia de Curitiba, na CIC, visitar o marido, e este lhe disse que teme sofrer novas torturas. Vicente contou que, na última quinta-feira foi levado por homens que diziam ser da Polícia Federal, até uma suposta delegacia situada entre as avenidas Sete de Setembro e Visconde de Guarapuava. Lá, um suposto delegado chamado Rogério, da PF, teria lhe proposto assinar um documento afirmando que Celina e Beatriz são responsáveis pelo desaparecimento do garoto Leandro Bossi, ocorrido no mesmo ano que Evandro, em Guaratuba, e pelo rapto e envio de crianças ao exterior. Como recompensa, Vicente receberia a delação premiada (redução da pena), além de uma nova identidade para ele e sua família, e ajuda para deixar o Paraná. Vicente teria negado a proposta e o suposto delegado dito para ele pensar sobre a oferta, e lhe dar a resposta em duas semanas, quando teriam um novo encontro. Sem papel para anotar as informações passadas pelo marido, Ana Lúcia as fez na manga de sua camisa, levando a peça de roupa até Celina e Beatriz.

Confirmação

Informações obtidas no final da noite de ontem, pela Tribuna, dão conta de que haveria um registro no sistema de informações da Vara de Execuções Penais, da saída de Vicente da Casa de Custódia, no último dia 18, para uma suposta audiência. Estranhamente, ele teria deixado a prisão às 23h, horário em que dificilmente algum juiz o estaria esperando para audiência. A direção da Casa de Custódia deverá explicar, ainda hoje, esta movimentação do preso.

Defesa

Osman de Oliveira afirmou que está tornando o fato público porque teme que Vicente seja torturado e obrigado a assinar o falso documento. O defensor não acredita que o delegado que participou da trama seja da Polícia Federal, considerando a lisura da instituição. "Vamos informar o secretário de Segurança Pública e a Corregedoria da Polícia Civil sobre o fato e questionar a Vara de Execução Penais, pois Vicente foi retirado da Casa de Custódia de forma ilegal, sem que seu advogado – Haroldo César Nater – fosse informado. Na véspera de um novo julgamento estão tentando atribuir acusações mentirosas e deformar a realidade. No outro júri, acontecido no Fórum de São José dos Pinhais, Celina e Beatriz foram inocentadas por 6 contra 1", salientou Osman.

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