| Foto: Anderson Tozato/Tribuna |
| Colegas de Alexandra protestaram na noite de ontem. |
A mesma indignação sentida pela família e colegas da estudante Alexandra Bernardi, 24 anos, assassinada a tiros no último dia 2, foi compartilhada pelo promotor de Justiça Paulo Sérgio Markowicz de Lima, que dada a não-tomada de providências por parte da Delegacia de Homicídios, pediu a prisão preventiva do autor e do co-autor do crime. O promotor resolveu intervir no caso quando soube, pelos jornais, que o responsável pelos tiros, o metalúrgico Leandro Machado Mota, 29, apresentou-se na delegacia, mas foi liberado pelo delegado Maurílio Alves, que afirmou não haver necessidade de prendê-lo. Hoje, o criminoso está foragido.
Na tarde do último dia 4, Leandro foi até a Delegacia de Homicídios, confessou o crime e ainda entregou o revólver calibre 38 que usou para matar Alexandra e ferir Samuel Ferreira da Silva, 25, e Sílvia Renata dos Santos, 19.
Ele estava fora do período de flagrante, mas portava um revólver ilegal, que inclusive tinha a numeração lixada. Mesmo assim, foi apenas ouvido e liberado.
Providência
Através da imprensa, o promotor soube da atitude do delegado e, por trabalhar na Promotoria de Inquéritos Policiais e no Centro de Apoio Operacional das Promotorias do Júri, resolveu agir. Devido à gravidade dos fatos, Markowicz pediu a prisão preventiva de Leandro e de Agnaldo Santos, que conduzia o Corsa, usado para a fuga, depois do assassinato de Alexandra. Os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz da Central de Inquéritos Policiais na última sexta-feira. Em auxílio à promotoria, a Secretaria da Segurança Pública determinou ao Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) que efetuasse as duas prisões. De acordo com o delegado Marcus Vinícius Michelloto, titular do Cope, Agnaldo foi preso no sábado pela manhã, mas Leandro não foi encontrado. Soube-se que fugiu para São Paulo.
Investigado
A omissão do delegado Maurílio Alves motivou a abertura de procedimento investigativo no setor de Assuntos Internos da Corregedoria da Polícia Civil. O órgão quer apurar o porquê de ele não ter autuado Leandro em flagrante. Ontem, circularam nos meios policiais informações referentes a carreira do delegado, que, quando autuou como escrivão de polícia, em Foz do Iguaçu, teria sido preso por envolvimento com uma quadrilha de ladrões de carros. Ele também estaria respondendo inquérito na Policia Federal, por extorsão.
Jovem foi morta depois de aniversário
A estudante Alexandra Bernardi foi assassinada com um tiro na cabeça por volta das 4h do dia 2 de abril, em frente ao Bar Bangaloo, na esquina da Avenida Marechal Deodoro com a Rua General Carneiro. Na ocasião, os amigos dela, Samuel Ferreira da Silva, 25, e Sílvia Renata dos Santos, 19, também foram baleados.
Os amigos participavam de uma festa de aniversário quando Leandro, Agnaldo e um terceiro indivíduo, que ainda está sendo investigado, se desentenderam com o restante do grupo. Para evitar brigas, eles foram retirados pelos seguranças. No final da festa, o trio ficou esperando os demais na rua. Após uma discussão, eles entraram em um Corsa, deram a volta na quadra, e, ao estacionar o carro novamente na esquina do bar, Leandro atirou contra o grupo de pessoas que estava em frente ao estabelecimento.
A estudante foi atingida e morreu na hora. Samuel e Sílvia foram feridos e hospitalizados.
União por Justiça mobiliza estudantes da PUC
Revolta e indignação eram as palavras mais ouvidas na manifestação que aconteceu no início da noite de ontem, no pátio da Pontifícia Universidade Católica (PUC), em protesto pelo assassinato da estudante Alexandra Bernardi, 24 anos.
Cerca de 250 pessoas participaram da mobilização, que teve início às 19h, depois da missa de sétimo dia da estudante, realizada na capela da PUC. Alunos de Serviço Social, curso em que Alexandra estava no 8.º período, alunos de Direito, colegas de trabalho e estudantes que chegavam para a aula aderiram à manifestação. Eles carregavam faixas e cartazes pedindo justiça. Durante aproximadamente 30 minutos, o grupo deu a volta pelo pátio com velas acesas, cantando músicas religiosas.
Alexandra se formaria em maio. Segundo a diretora do curso, professora Maria Izabel Scheidt Pires, o protesto teve como principal objetivo sensibilizar não só os alunos da instituição, mas também a polícia e toda a sociedade. "O princípio do Serviço Social é lutar pelo direito, justiça e liberdade, ficando em silêncio e, aceitando tudo isso passivamente, estamos indo contra nossos princípios", afirmou a diretora.
Quem organizou a passeata foi a aluna Leila Cristina Rosa, do 7.º período. Ela disse que os alunos da turma da Alexandra não tinham condições psicológicas para pensar em nada. "Nossa indignação é pelo fato de o delegado ter soltado o indivíduo, que é réu confesso. O autor dos disparos tem os seus direitos, mas isso dá a entender que a Justiça não existe e quem quiser pode sair atirando sem ter que pagar por isso", comentou a aluna.