“Meu filho vendia drogas e matava traficantes”

“Meu filho comercializava drogas e matava somente traficantes. Ele nunca foi ladrão”. A declaração é de Nelson Rocha, pai de Maurício Rocha, mais conhecido como “Tucano”, 23 anos, morto com doze tiros por três policiais militares à paisana, que estavam passeando na Vila Trindade, no final da madrugada de sábado. “Fui ver meu filho no IML. Parecia uma peneira”.

Nelson disse que o filho estava no mundo do crime desde os 15 anos de idade. “Não tinha mais jeito. Ele contava que usava e vendia drogas. Sempre me dizia: ?tenho que matar e um dia posso morrer?”, relatou Nelson. “Sei que meu filho não era nenhum santo, mas quero que a morte seja esclarecida”, argumentou o pai.

Propinas

O pai revelou ainda que o filho dizia ser comum o pagamento de “proprinas” a policiais para permanecer em liberdade. “Nunca citou nomes, nem se eram civis ou militares. Mas sempre comentava, que uns cobravam R$ 500,00, outros R$ 1 mil. Alguns levavam armas e drogas. Ele dizia que era o jogo para continuar em liberdade”, denunciou Nelson. Ele salientou que não quer denegrir a imagem da polícia com a denúncia. “Tem muita gente honesta, mas acho que é preciso esclarecer. Não é porque meu filho estava ligado ao mundo do crime que não vou querer saber o motivo de sua morte.”

Procurado

“Tucano” era procurado pela polícia pelo tráfico de drogas na Vila Trindade e apontado como autor de vários homicídios na região. Ele foi morto às 4h50 de sábado, na Rua Generoso Teixeira Filho, em frente ao número 53, na Vila Trindade.

Após a morte, os soldados Vítor Delgado da Silva Júnior, Fábio Ricardo de Oliveira e Anderson Kucioseski, todos lotados na Ronda Ostensiva de Natureza Especial (Rone), que não estavam em serviço, se apresentaram a seus comandantes. Eles contaram que ocupavam um Escort e estavam levando uma amiga para casa e no retorno “Tucano” teria tentado roubar o carro. Os PMs reagiram e acabaram matando o rapaz.

Investigações

Para apurar o fato foi instaurado inquérito na Delegacia de Homicídios, que deverá remeter o caso ao 6.º Distrito Policial (Cajuru). A polícia militar também instaurou Inquérito Policial Militar para apurar a ocorrência, já que as armas utilizadas (pistolas ponto 40) pertencem a corporação.

Voltar ao topo