Além da sociedade civil, a onda de violência também afeta quem tem que trabalhar diretamente para contê-la: os policiais. Além do soldado morto em Londrina no último fim de semana, outros quatro PMs foram assassinados na região de Curitiba no mês de janeiro. Apesar de a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) afastar a hipótese de os homicídios terem sido ordenados por facções criminosas, policiais têm trabalhado sob alerta.

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Facção

Em grupos fechados de WhatsApp e pela internet, policiais trocam áudios que teriam sido gravados por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), ordenando um “salve” – ordem de dentro dos presídios – para matar policiais. “Estamos em um clima de total intranquilidade. Temos denúncias que dizem que as ações são do crime organizado”, assegura o presidente da Associação dos Praças do Paraná (Apra-PR), Orélio Fontana Neto.

Forte efeito

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O presidente da Associações de Defesa dos Militares (Amai), coronel Elizeo Furquim, não crê que os ataques tenham sido deflagrados por facções criminosas, mas aponta que a onda de atentados colocou a corporação em polvorosa. “A verdade é que o efeito psicológico disso é muito forte. Você se imaginar caçado e que pode ser morto a cada instante é uma coisa apavorante. A corporação padece de um terrorismo, de não saber quem é seu inimigo”, apontou.

Mortes e medo em Londrina

A onda de ataques no último fim de semana alterou a rotina de Londrina. Dados preliminares apontam que o índice de homicídios triplicou na cidade: pelo menos 20 pessoas foram assassinadas em janeiro, ante seis no mesmo período do ano passado. Enquanto um clima de medo paira sobre os moradores, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) deflagrou uma força-tarefa, ontem, pra coibir novos casos e elucidar os ocorridos. A série de mortes começou depois que o soldado Cristiano Luiz Bottino, 33 anos, foi assassinado a tiros disparados por homens que estavam em uma motocicleta. Em seguida, outros dez homicídios foram registrados na região de Londrina. A tensão no município foi ampliada na madruga de ontem, quando cinco presos fugiram da Casa de Custódia (CCL). Pra tentar coibir novos casos e elucidar os já ocorridos, a força-tarefa da Sesp levou reforço de 80 policiais e dois delegados, que contam com monitoramento em tempo real de câmeras. A operação deve se estender pelos próximos dez dias, com ações pontuais estratégicas, como barreiras e abordagens a pessoas e veículos.

Gaeco

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As investigações sobre a série de mortes em Londrina serão acompanhadas pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Uma das hipóteses é de que alguns dos homicídios tenham ocorrido em retaliação à morte do policial Cristiano Luiz Bottino. “Se for o caso, faremos também investigações próprias”, disse o coordenador estadual do Gaeco, procurador Leonir Batisti. Agentes que da força-tarefa da Sesp afastaram qualquer possibilidade de os assassinatos em Londrina estarem relacionados à série de mortes de policiais registrada na região de Curitiba. Só neste ano, cinco policiais foram assassinados e outros seis sofreram ataques.

Críticas à Sesp e ao Depen

O Fórum das Entidades Representativas dos Policiais e Bombeiros Militares do Estado do Paraná se reunirá hoje pra discutir a onda de assassinatos contra policiais. Um dos propósitos é pressionar o governo do estado sobre a situação do sistema prisional. Eles querem pedir, uma reavaliação da integração do Departamento de Execução Penal (Depen) à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). Na opinião deles, não tem funcionado. “Existe um princípio: quem prende não cuida. O argumento do governo é de que está quebrado e não tem como manter os órgãos independentes. Mas isso retira recursos da prevenção”, analisa o coronel César Alberto Souza, da Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares Ativos, Inativos e Pensionistas do Paraná (Amai).