Os donos do mercado Itapema, na Rua Desembargador Cid Campelo, Cidade Industrial, não suportam mais assaltos. Ontem pela manhã, foi a 26.ª vez que bandidos “visitaram” o comércio. O dono do mercado, Aguinaldo Meloso, 48 anos, já não sabe mais o que fazer por conta da falta de segurança na região, a Vila Santa Helena. Até os boletins de ocorrência que ele registrou dos assaltos, os bandidos levaram. Um dos assaltantes é autor dos últimos cinco ou seis roubos, cometidos desde outubro.
Vinícius, genro de Aguinaldo conta que a ação dos bandidos é quase sempre a mesma. Eles descem de moto devagar, pela rua lateral, a Rua Cidade de Maria Helena, e observam o movimento. Quando o comerciante se dá conta, um dos marginais já está dentro e, armado, exige o dinheiro do caixa.
No assalto de ontem, por volta das 8h, o bandido levou cerca de R$ 250. No roubo anterior, há 20 dias e às 7h30 da manhã, ele tentou abrir a caixa registradora e, como não conseguiu, levou a caixa inteira na garupa da moto. Desde então, o comerciante trabalha com o caixa preso a uma corrente com cadeado. Ele já pensou em atender os clientes com o portão da frente fechado, pela grade, mas desistiu, porque muitos pensariam que o mercado não estaria mais funcionando.
Evolução
Aguinaldo contou que possui o mercado desde 1995 e, desde então, sofreu os 26 assaltos. Além de dinheiro, já levaram produtos e até mesmo a caixa de papelão em que guardava documentos e os boletins de ocorrência registrados. Num dos assaltos, fizeram reféns clientes e familiares de Aguinaldo, que moram em cima do mercado.
Os primeiros roubos eram somente à noite e cometidos por adultos com idade superior a 20 anos. “Agora, ocorrem a qualquer hora do dia e os bandidos são cada vez mais moleques”, analisou o comerciante. Como já possui 35 anos de contribuição ao INSS, pensa em se aposentar e alugar o imóvel para outro tipo de comércio. No entanto, o comércio é o sustento do casal, filhos e netos. “Deveria ter mais policiamento por aqui. Só nas quadras ao redor há dois colégios municipais e uma creche”, comentou Vinícius.
Houve até confronto
Em outubro de 2006, quatro marginais invadiram o estabelecimento e a casa do comerciante. A ação foi notada por clientes que chamaram a polícia e viaturas cercaram o local com os marginais ainda lá dentro. Os assaltantes tentaram fugir pelos telhados vizinhos e entraram em confronto com policiais militares do 13.º Batalhão. Os quatro foram baleados e morreram no hospital.
Farmácia sofreu 42 roubos
Do mesmo problema sofre o dono de uma farmácia no Boa Vista, que já foi assaltada 42 vezes. Em todas elas, o comerciante registrou os boletins de ocorrência, mas, até hoje, nunca resultaram em ação efetiva da polícia.
Em um dos crimes, em que o bandido estava nervoso, o comerciante levou um tiro no braço. Em cada roubo, a farmácia tem prejuízo de cerca de R$ 500.