Mortes na UTI

Médica teria desligado os aparelhos do marido

Nova acusação contra a médica Virgínia Soares de Souza foi anexada ontem ao processo que apura as mortes de pacientes na UTI do Hospital Evangélico. Segundo uma ex-funcionária do hospital, a antiga diretora da unidade teria sido a responsável pela morte do próprio marido, ao desligar os aparelhos que o mantinham respirando. Virgínia é viúva do médico Nelson Mozachi, que a antecedeu na chefia da UTI do Evangélico. Ele faleceu em 2006, de câncer terminal.

O Paraná Online teve acesso à denúncia, registrada em 24 de fevereiro de 2013. “Segundo denunciante trabalhou no Hospital e teria observado o procedimento da Dra. Virgínia. Teria eliminado vários pacientes do SUS para vagas de pacientes particulares. O dia que ela mandava lavar e fazer limpeza geral, podia saber, logo começava a descer cadáveres do quarto andar. A cada 15 minutos descia um corpo, num só dia, observou-se 8 corpos. Ela desligou o oxigênio do próprio marido que estava internado e veio a falecer”, diz o documento.

Inquérito

No inquérito, Virgínia é investigada como suspeita de ter antecipado a morte de seis pacientes da UTI. Ela está em prisão preventiva desde 19 de fevereiro. As investigações são conduzidas pela delegada Paula Brisola, do Núcleo de Repressão de Crimes contra a Saúde (Nucrisa).

O advogado de Virgínia, Elias Mattar Assad, diz que sua cliente está com a consciência tranquila. “Tomara que a acusem da morte do marido. A relação dela com o marido foi uma história de vida, de amor. Vários médicos acompanharam o internamento dele e não há qualquer contestação”, afirma.

Ontem, Assad protocolou no Conselho Regional de Medicina (CRM) cópias dos prontuários dos seis pacientes cujas mortes são investigadas, obtidos com ordem judicial. “Pedi ao Hospital Evangélico para comparar essas cópias com os prontuários originais, mas eles foram confiscados pela polícia. Isso é gravíssimo. A polícia errou mais uma vez na arrecadação das provas”, denuncia.

Críticas oficiais

A Polícia Civil criticou a forma de divulgação do conteúdo do inquérito que apura mortes na UTI do Hospital Evangélico.

“O Departamento da Polícia Civil lamenta que pessoas que, em razão da profissão, possuem cópias dos autos de inquérito policial que apura mortes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) geral de um hospital de Curitiba, induzem os meios de comunicação divulgando em uma oportunidade a errata, para posteriormente divulgar a verdade contida nos autos com o objetivo sórdido de denegrir a imagem da instituição policial civil e tumultuar o andamento das investigações”, diz a nota.

Segundo a Polícia Civil, “os autos estão sendo conduzidos dentro dos parâmetros legais com o acompanhamento do Ministério Público do Estado do Paraná e será entregue ao mesmo, devidamente concluído e dentro do prazo legal, na próxima segunda-feira (04/03)”.